Como será o clima de dezembro? Será que as chuvas intensas continuam?
Com uma atuação pronunciada do La Niña e de outros fenômenos climáticos, um padrão de chuvas e temperaturas bem definido está se formando no Brasil, dando continuidade às tendências que foram observadas em Novembro.
Com as festas de fim de ano e o descanso merecido das férias, que já começa a chegar para muitas pessoas, o clima de dezembro passa a ser assunto importante - Especialmente considerando que o mês já se iniciou com alertas de chuvas intensas e acumulados altos em todas as regiões do Brasil. Afinal, será que essas chuvas intensas continuarão?
Um dos fenômenos responsáveis por controlar a chuva no Brasil é o La Niña, que costuma atuar de maneira indefinida durante estações de transição como a primavera e o outono. Conforme se aproxima o verão, no entanto, a tendência é de que sua atuação comece a ficar mais pronunciada, especialmente no Norte e Nordeste do país.
Além do La Niña, no entanto, há outros fenômenos que também podem impactar na precipitação do Brasil, como a temperatura da superfície do mar, a oscilação antártica e a oscilação de Madden-Julian. Confira agora como estes fenômenos contribuirão com o clima brasileiro em Dezembro.
Temperatura do Oceano Atlântico Sul
No Oceano Pacífico Equatorial, é possível perceber a presença de uma grande região com temperaturas superficiais mais baixas que o normal - que caracteriza a atuação de um La Niña de fraca intensidade. O fenômeno continuará atuando ao longo de Dezembro.
Conforme nos aproximamos do verão, o La Niña pode e deve auxiliar na formação de precipitação sobre as regiões Norte e Nordeste, um padrão que já começamos a observar em Novembro - quando praticamente todos os Estados destas regiões registraram volumes de chuva acima da média. Por enquanto, o fenômeno não deve afetar o clima no centro-sul do Brasil.
Já o Atlântico Sul continua aquecido em praticamente toda a sua costa, com anomalias mais intensas na porção sul. Para as regiões litorâneas do Norte e do Nordeste, essa condição ainda favorece a formação de chuvas, embora com intensidade menos pronunciada do que o observado em meses anteriores.
Nas regiões Sul e Sudeste, a tendência de aquecimento do Atlântico Sul torna as anomalias mais pronunciadas, e o mesmo favorecimento acontece. Aqui, no entanto, a precipitação dependerá da formação de sistemas transientes, como frentes frias, que pode ser impulsionadas ou inibidas pela atuação de outros sistemas meteorológicos.
Oscilação Antártica
A Oscilação Antártica (abreviada como AAO) é um índice capaz de traçar panoramas climáticos para o centro-sul do país com previsibilidade de até uma quinzena. Tendências e/ou valores negativos favorecem a atuação de sistemas de precipitação, principalmente na Região Sul.
É possível perceber que, ao longo das próximas semanas, a tendência é de que o índice AAO se mantenha predominantemente em valores positivos, com um possível aumento ou subida na segunda semana de dezembro.
Na prática, isso desfavorece levemente a formação de sistemas transientes como frentes frias - Mas como o índice está muito próximo de zero e seu aumento não será tão severo, seus resultados também não serão muito pronunciados, o que se reflete em uma previsão de precipitação dentro da média.
Oscilação de Madden-Julian
A Oscilação de Madden Julian (abreviada como MJO) é capaz de potencializar ou inibir eventos de precipitação no centro-norte do Brasil, favorecendo movimentos de ascendência ou subsidência de ar sobre o país.
Observa-se que, ao longo de dezembro, existe uma leve tendência de que a oscilação potencialize a ascendência de ar sobre o Nordeste e parte do Norte do Brasil. Isso se traduz em uma possibilidade de chuvas mais frequentes e volumosas, especialmente no Nordeste.
Os padrões climáticos previstos e observados acima se refletem também nas tendências estimadas através do modelo numérico europeu ECMWF, que também fornece uma visão interessante para estipular alguns dos padrões climáticos esperados para o mês de Dezembro.
Anomalias de temperatura para dezembro
Percebe-se que uma das tendências mais frequentes para o mês de dezembro é a presença de temperaturas acima da média no Sul, em parte por conta de uma formação reduzida de nuvens. Isso significa que será um mês quente especialmente para quem vive no Rio Grande do Sul.
No Centro-Norte do país, o oposto é observado: temperaturas mais baixas que o normal são esperadas em boa parte do Nordeste e do Norte, em parte como resultado de uma formação acentuada de nuvens e de chuva. Este padrão será sentido especialmente no interior, mas também influenciará o clima no litoral.
Anomalias de precipitação para dezembro
Da mesma maneira, nota-se que o clima será chuvoso no Norte e no Nordeste, com anomalias de precipitação positivas ao longo do mês inteiro de dezembro, salvo a segunda semana. Isso significa que as chuvas serão intensas e frequentes nestas regiões nas próximas semanas.
Isso é resultado, também, da formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), cuja atuação climática deve auxiliar no transporte de umidade da região Amazônica para o Nordeste e Sudeste, formando chuva nestas regiões.
Conforme o início da primavera se aproxima, as chuvas começam a se formar com acumulados mais expressivos especialmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste.
No Sudeste, em si, as chuvas devem variar bastante ao longo de Dezembro, mantendo-se, no final, dentro da média. O mesmo vale para as temperaturas, que começam o mês ligeiramente mais frias que o normal, mas gradualmente sobem até valores próximos da normalidade.
Já no Centro-Oeste e especialmente no Mato Grosso, há possibilidade de uma redução no volume das chuvas. Ainda assim, até o momento, as previsões não indicam sinais de seca severa que possam influenciar negativamente a agricultura da região.
Como as previsões podem mudar, não deixe de acompanhar as atualizações e as previsões específicas para sua cidade aqui no site da Meteored.