Como será o clima de setembro? As chuvas já podem se espalhar pelo Brasil?
Com a transição para a primavera, será que o clima muda de maneira significativa no Brasil? Qual a possibilidade de chuvas intensas e abrangentes voltarem a atingir o país? Confira a previsão.
Setembro é o mês que simboliza a transição entre o inverno e a primavera. Ainda há possibilidade de incursão de massas de ar frio intensas pelo centro-sul, como ocorreu em Agosto, mas o padrão de chuvas já começa a passar por uma mudança.
O fenômeno La Niña vem atuando e segue consistente durante a primavera. Seus efeitos, no entanto, são indefinidos nas estações de transição como primavera e outono, e outros fenômenos como a Oscilação Antártica (AAO), a Oscilação de Madden-Julian (MJO) e o padrão de temperatura da superfície do Atlântico Sul podem exercer um efeito mais significativo no clima.
Temperatura do Oceano Atlântico Sul
No Oceano Pacífico Equatorial, é possível perceber a presença de uma grande região com temperaturas superficiais mais baixas que o normal, que caracteriza a atuação do La Niña. Previsões indicam que o fenômeno seguirá atuando no clima mundial até o fim do ano.
Já o Atlântico Sul, oceano que banha as costas brasileiras, continua aquecido em sua maior parte, com anomalias mais intensas nas regiões litorâneas do Norte e do Nordeste, o que impulsiona a formação de chuvas no centro-norte do Brasil.
Nas regiões Sul e Sudeste, as águas seguem uma tendência de resfriamento desde Agosto, e se aproximam cada vez mais de uma situação de neutralidade - O que significa que não devem atuar de maneira tão expressiva no clima brasileiro quanto outros fenômenos.
Oscilação Antártica
A Oscilação Antártica (abreviada como AAO) é um índice capaz de traçar a tendência climática com previsibilidade de até uma quinzena. Tendências e/ou valores negativos favorecem a atuação de sistemas de precipitação no centro-sul do país, principalmente na Região Sul.
É possível perceber, no início de setembro, uma tendência de queda, favorecendo a passagem de sistemas transientes como frentes frias e a entrada de massas de ar polar no país. Logo na sequência, no entanto, espera-se um retorno para valores positivos altos.
Isso sinaliza que os eventos de chuva no centro-sul do Brasil ainda não serão tão intensos, mantendo um padrão próximo ao que já foi observado em Agosto ao longo das primeiras semanas do mês.
Oscilação de Madden-Julian
A Oscilação de Madden Julian (abreviada como MJO) é capaz de potencializar ou inibir eventos de precipitação no centro-norte do país, favorecendo movimentos de ascendência ou subsidência de ar sobre o país.
Ao longo de Agosto, a MJO se manteve bastante indefinida. Os modelos ECMWF e GEFS ambos indicam, num geral, que a MJO continuará assumindo valores pouco expressivos durante as primeiras semanas de Setembro, exercendo pouca influência sobre a precipitação no país.
É possível perceber, portanto, que a previsibilidade climática para o mês de Setembro reduz consideravelmente. Ainda assim, as tendências do modelo numérico europeu ECMWF estipulam alguns padrões climáticos a se esperar durante o mês.
Anomalias de precipitação para Setembro
As anomalias de precipitação indicam um início de Setembro relativamente seco na maior parte do país, com volumes de chuva abaixo da média. A tendência tende a mudar ao longo do mês no centro-norte do país, onde as chuvas passam a ficar mais volumosas.
A exceção é a região Sul. Como retratado também pelo padrão da AAO, a tendência é de que sistemas frontais e ciclones atuem com menor intensidade ao longo de todo o mês, trazendo acumulados de chuva abaixo da média.
Anomalias de temperatura para Setembro
O mês de Setembro se inicia com temperaturas abaixo da média no Sul, Sudeste e boa parte do Nordeste. A tendência de temperaturas mais baixas que o normal se mantém na região Sul, no Mato Grosso do Sul e em São Paulo durante a maior parte do mês.
No Nordeste, a tendência é de que as temperaturas assumam valores dentro ou acima da média conforme o mês avança; e no Centro-Oeste, as temperaturas caem, como resultado de uma formação mais frequente de nuvens e de chuva.
Em resumo, como poucas oscilações apresentam sinais de influência significativa no país, é possível esperar que Setembro passe sem desvios significativos da média para nenhuma região brasileira.
Isso não significa, no entanto, que não haverá uma mudança do padrão climática, o que já é uma das características normais esperadas para este mês.
Gradualmente, as chuvas se tornarão mais abrangentes e frequentes no centro-norte do país, enquanto o centro-sul se mantém mais frio e com chuvas mais fracas que o normal. Não deixe de acompanhar as atualizações da previsão aqui no site da Tempo.com.