Como será o clima no mês de Agosto?

Com um El Niño cada vez mais fraco e sem influência no Brasil, um Atlântico mais aquecido e uma Oscilação Antártica tomando as rédeas das condições meteorológicas. Saiba o que esperar para o mês de Agosto.

Mesmo com onda de frio no inicio do mês, as temperaturas fica ligeiramente acima do esperado para Agosto. Em relação a chuva, o tempo segue seco em boa parte do país.

O inverno deste ano vem sendo de contrastes. O mês de Junho foi extremamente seco na Região Sul, onde se espera, climatológicamente, chuvas frequentes ao longo das semanas. Além disso, as temperaturas, tanto mínimas quanto as máximas, ficaram acima da média em todo o país.

Já em Julho, as chuvas provocaram transtornos no leste do Nordeste, no estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul, sem falar na onda de frio no início do mês, que proporcionou neve no Sul e geadas de moderada a forte intensidade em todo o Centro-Sul.

No entanto, esses eventos de frio e chuva, apesar de contribuírem para elevar ou baixar a média, ocorreram em um curto período de tempo, podendo ser tratados como eventos extremos. A seguir são apresentados os fatores que estão influenciando o clima no Brasil.

A Oscilação Antártica e o Oceano Atlântico

Com um El Niño fraco e sem exercer influência, as condições meteorológicas no Brasil nos últimos meses, estão sob influência de 3 fatores: A Oscilação Antártica (AAO), a temperatura da superfície do Oceano Atlântico e a Oscilação de Madden-Julian (MJO). Sendo que a MJO, influencia somente durante a estação chuvosa no Centro-Norte do país. Assim, a discussão será feita com os demais fatores.

Analisando o comportamento da AAO, notamos duas tendências negativas: uma durante a segunda quinzena de Maio e a segunda no início de Julho. Ambos favoreceram o aumento de umidade e a redução das temperaturas no Centro-Sul, com destaque para a onda de frio durante a primeira semana de Julho. Vale ressaltar, também, o mês de Junho, quando a AAO esteve positiva, contribuindo para condições mais secas e quentes.

Utilizando da mesma lógica, ao analisara a previsão (linhas vermelhas), vemos que o índice AAO entrará em uma tendência negativa, podendo atingir valores negativos históricos, o que contribui para o avanço de uma massa de ar polar intensa a partir desta quinta-feira (01). No decorrer da próxima semana a AAO passa a ter uma tendência positiva, o que contribui para a diminuição da frequência e da amplitude dos sistemas frontais no Centro-Sul.

O efeito da temperatura da superfície do Oceano Atlântico, se dá em como a precipitação ocorre quando um sistema frontal passa a atuar. Em outras palavras, podemos determinar a “qualidade” da chuva: mais persistente e volumosa ou de curta duração e baixo volume. Como as águas estão se resfriando na costa sul e mais aquecidas entre Santa Catarina e o estado do Rio de Janeiro, se esperam chuvas menos volumosas no Sul e volumes maiores entre o leste catarinense e o Rio de Janeiro, quando atuantes.

Previsão para o Agosto segundo o modelo CFSv2

A última rodada do modelo CFSv2, mostra que as chuvas se mantêm concentradas no extremos leste, norte e sul do país. No entanto, analisando somente a anomalia média do mês, não podemos saber como as chuvas estarão distribuídas. Para isso temos os fatores climáticos discutidos acima.

Primeiramente, no extremo norte do país e no leste do Nordeste, as chuvas são provocadas por elementos que não oscilam muito de uma semana para a outra, portanto, pode-se concluir que a ocorrência de chuva será frequente com oscilação de intensidade, não havendo riso de estiagem.

Já para o Centro-Sul, os sistemas precipitantes serão modulados pela Oscilação Antártica e a intensidade da chuva pelo Oceano Atlântico, como foi explicado no item anterior. Assim, se espera que as chuvas mais volumosas ocorram entre a primeira e a segunda semana, com a segunda metade do mês mais seca em todo o Centro-Sul.

Em relação à temperatura, a onda de frio que está prevista para o final dessa semana, contribui para a anomalia negativa no Mato Grosso do Sul e no sul do Mato Grosso. Vale prestar a atenção nos pequenos valores positivos no Sudeste e no Sul, que passam a idéia de, que mesmo com o frio intenso nos próximos dias, o restante do mês será mais quente.