Destaques para março: chuvas irregulares e frio chegando mais cedo
Um mês de março sob influência do fenômeno La Niña, proporciona irregularidade de chuvas no centro-sul e a chegada do frio mais cedo. Confira a discussão e qual a tendência para cada semana de do mês.
Pela climatologia, em março a precipitação continua em boa parte do país, sendo observado uma diminuição do potencial máximo entre o Centro-Oeste e o Sudeste. No Norte e no Nordeste espera-se um aumento expressivo nas áreas mais ao norte dessas regiões. Já na Região Sul a frequência das chuvas diminui em relação ao mês de fevereiro.
Quanto às temperaturas, o calor ainda é presente e as temperaturas começam a diminuir, mas não há, na média, a expectativa de eventos de frio expressivos no centro-sul.
O cenário acima corresponde à climatologia de março, ou seja, um padrão médio observado em um período de 30 anos. No entanto, a presença do fenômeno La Niña proporciona uma condição média diferente para este ano.
La Niña e as oscilações Antártica e de Madden-Julian
O La Niña presente ao longo de março e potencial de intensificação ao longo do mês, segundo o modelo CFSv2, proporcionando uma condição média irregular de precipitação na Região Sul e mais fria para o centro-sul. Além disso, pode contribuir para a manutenção da umidade no Norte e no Nordeste, sendo este último, com a adicional influência das águas do Atlântico mais aquecidas.
Em relação às oscilações Antártica (AAO), a AAO apresenta uma tendência negativa que mantém os sistemas transientes de precipitação frequentes na Região Sul durante boa parte da primeira quinzena de março. O comportamento posterior da oscilação proporciona um deslocamento da umidade mais para o norte, podendo beneficiar o centro-norte do país na segunda metade do mês.
Para a Madden-Julian (MJO), não há um grande destaque. A MJO irá se comportar em neutralidade, podendo atuar nas fases 6 e 7 mais para o fim do mês, o que apresenta também uma condição mais neutra, mas com um leve viés desfavorável à precipitação no extremo norte do país.
Precipitação e temperatura semana a semana
O modelo ECMWF se mostra consistente com as influências dos principais fatores climáticos discutidos no item anterior.
As anomalias de precipitação apresentam para esta primeira semana um padrão de precipitação mais concentrada na Região Sul e de seca no centro-leste do país. Essa condição se dá pela atuação de um bloqueio atmosférico.
Para a segunda semana, as anomalias positivas apresentam uma condição bastante otimista, no entanto, ao analisar este padrão, precisa-se de muito cuidado. Trata-se de um período de transição, que coincide com a mudança da AAO. Em primeiro momento há chuvas mais concentradas na Região Sul, que mais para o final deste período, migram para o Sudeste, ou seja, não corresponde a um período de chuvas nas duas regiões todos os dias. Se interpretado desta maneira pode passar uma ideia muito otimista para os estados do Sul.
Para a segunda metade de março, o modelo mostra uma mudança de padrão, com a mancha de anomalias positivas migrando para o Sudeste. Condição coerente com o que é esperado pelos fatores climáticos. No entanto, a ausência de anomalias negativas mais intensas na Região Sul pode, novamente, trazer uma condição otimista de precipitação. Para isso, temos que lembrar do fenômeno La Niña e que a precipitação passa a atuar mais no centro-norte. Assim, as chuvas devem ser bastante irregulares na Região Sul.
Em relação ao comportamento térmico, o calor continua forte nesta semana, principalmente no Centro-Oeste e no Sudeste, devido à atuação do bloqueio atmosférico. Com o enfraquecimento deste, na segunda semana os sistemas frontais atuam mais ao norte e, consequentemente, as massas de ar frio proporcionam a diminuição das temperaturas.
Para o restante do mês, as anomalias de negativas de temperatura são mais evidentes, o que passa a ideia de que há uma maior atuação de massas de ar frio, uma vez que o padrão é mais seco na Região Sul. Assim, há grande probabilidade de o frio começar mais cedo este ano.