E o frio só aumenta! O que dizem os nossos meteorologistas?
Os meteorologistas Davi Moura e Bruno César Capucin fazem as suas análises para este episódio de frio intenso. Entenda o que está potencializando o frio e por que haverá condições de neve.
Desde o último fim de semana de Julho, uma massa de ar polar vem atuando no sul da América do Sul, contribuindo para temperaturas muito baixas e ocorrência de muita neve na Argentina. No Brasil, as temperaturas começaram a cair bastante no Centro-Sul a partir da metade dessa semana e foram registradas temperaturas próximas de 0°C e até mesmo negativas na Região Sul. Para este fim de semana a previsão é de intensificação do frio, com temperaturas diminuindo até as regiões Norte e Nordeste.
Prepare-se para o frio!
O sábado (06) será o dia mais frio para boa parte da Região Sul, com mínimas de 0 a -2°C desde o sul do Rio Grande do Sul até áreas próximas do norte do Paraná. No entanto, na Serra Gaúcha, Serra e Planalto Catarinense, e sul do Paraná as temperaturas podem atingir valores de até -5°C. O que traz condições para formação de geada em praticamente toda a Região Sul e com forte intensidade. Temperaturas entre 3 e 5°C no sul do Mato Grosso do Sul, centro-sul e oeste de São Paulo. Já nas demais áreas desses estados, sul de Goiás e Triângulo Mineiro, as mínimas ficam em torno dos 10°C.
No domingo (07), o frio intenso se mantém sobre o Centro-Sul do país. Na Região Sul, as temperaturas diminuem mais ainda no norte do Rio Grande do Sul, Serra Gaúcha, Serra e Planalto Catarinense, e sul do Paraná. Pode-se registrar valores menores que -5°C. No Centro-Oeste e Sudeste será o dia mais frio. Mínimas de até 1°C no sul de Minas Gerais e nas regiões próximas do Vale de Campos do Jordão. No sul do Mato Grosso do Sul, há a possibilidade de registro de até 2°C. Nas demais áreas os termômetros marcam mínimas entre 5°C e 12°C, sendo nas localidades mais ao norte dessas regiões, valores próximos de 15°C.
Davi Moura, meteorologista especialista em Microfísica de Nuvens
Nesta sexta-feira (05) há uma grande possibilidade de ocorrência de neve no Sul do país. Para haver neve depende dos processos de microfísica dentro da nuvem e das condições de temperatura da atmosfera abaixo da base da nuvem. Se a atmosfera estiver muito quente, a neve derrete e precipita como chuva na superfície. Para o caso de fria e úmida, há precipitação com um aspecto consistente. Já sob uma condição de atmosfera fria e seca, a neve também precipita, porém com um aspecto mais solto como uma farinha.
Os modelos atmosféricos têm divergido com relação aos locais e a quantidade, porém concordam em relação à ocorrência do evento nas serras do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Os modelos GFS, ECMWF e o regional Eta indicam que nesta sexta-feira (05) a massa de ar polar continuará avançando pelo sul do país, com aumento da nebulosidade sobre a região serrana, aumentando a probabilidade de ocorrência de neve.
Bruno César Capucin, meteorologista especialista em Meteorologia Sinótica
O auge da onda de frio no fim de semana tem relação com a configuração de grande escala do Hemisfério Sul, que vem contribuindo para que o ar gélido da região da Península Antártica atue no sul da América do Sul.
No entanto, um bloqueio instalado a leste da Nova Zelândia e Austrália está fazendo com que a corrente de jato em altos níveis da atmosfera, se comporte como uma “montanha russa” em direção a América do Sul. De modo que o ar frio intenso será transportado através do continente de sul para norte por um anticiclone (alta pressão) nos níveis mais baixos da atmosfera.
A configuração deste evento possui similaridades com outros episódios severos de frio em décadas passadas (anos 70, 80 e 2000). Entretanto, o campo de pressão em superfície tem características diferentes entre os casos, não podendo traçar um paralelo exato entre os eventos.