El Niño ganhando força! Como fica o clima no Brasil nos próximos meses?
O verão está batendo na porta! Novembro foi marcado por altos acumulados de precipitação na região Sul e permanência da seca no Norte do país. E qual a expectativa para os próximo meses? Confira!
Estamos chegando ao fim do último mês da primavera, e falta menos de um mês para o início do verão no Hemisfério Sul! Novembro foi marcado por altos acumulados de chuva, excepcionalmente na região Sul do país, e o Rio Grande do Sul foi o estado mais atingido pelas fortes chuvas, com mais de 28 mil desalojados.
O Oceano Pacífico está aquecendo rapidamente e nos últimos dias os graus aumentaram de forma acelerada, chegando ao de limite de um evento de supe El Niño. Atualmente, esta anomalia é de 1.9°C na região Niño 3.4, segundo o último boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA). E para ser considerado uma super El Niño, o valor tem que ser superior a 2°C. A expectativa é de que o El Niño atinja a categoria muito forte no mês de dezembro, superando os 2°C.
A porção noroeste do Rio Grande do Sul registrou os maiores acumulados de precipitação até o dia 24/11, 405 mm em Palmeira das Missões, 393.6 mm em Teutônia, 375 mm em Santa Rosa e 313.6 mm em Porto Alegre. Vale lembrar que estamos sob efeito do fenômeno El Niño este ano e, com isso, a passagem de frentes frias e ciclones têm provocado grandes transtornos, estragos e tragédias na região Sul do Brasil.
Em contrapartida, a porção central do Brasil sofreu com as altas temperaturas superiores a 40°C, e condições mais secas do que o normal da região Norte-Nordeste. Mas com a chegada do verão no Hemisfério Sul, as temperaturas vão aumentar? As chuvas na Região Sul vão dar uma trégua? E a seca no Norte e Nordeste?
Alguma mudança de padrão no início de dezembro?
Em relação ao último mês, as anomalias de chuva foram superiores a 300 mm entre a porção norte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e por outro lado, na região Norte do país foram observados déficits de precipitação, influenciado principalmente pelo aquecimento anormal do Atlântico Tropical Norte, além do El Niño.
Para o início do mês de dezembro, o modelo de confiança da Meteored, ECMWF, indica condições mais úmidas do que o normal, com chuva acima da média, principalmente na porção norte do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, além do centro-sul de Mato Grosso do Sul.
Ou seja, espera-se que as chuvas continuem no Sul do país. Para o centro-norte do país não há previsão de chuvas significativas, pelo menos nos próximos 7 dias. Além disso, o modelo indica a persistência das condições mais secas, sobre o centro-sul da região amazônica.
Em relação ao armazenamento de água no solo para o mês de dezembro, a tendência é de que os níveis de água no solo continuem baixos, associado a redução de chuvas previstas nas regiões Nordeste e parte da região Norte. Este possível cenário pode impactar negativamente os níveis dos reservatórios, agravando o déficit hídrico.
Agravamento da seca nas Regiões Norte e Nordeste
Vale lembrar que na região Nordeste o mês de dezembro é considerado como período seco, sem ocorrência significativa de chuvas. Além disso, a presença do El Niño está associada à chuvas e vazões abaixo da média na região. De acordo com a última atualização do Monitor de Secas, houve o avanço das condições de seca fraca em todos os estados, e da seca moderada no Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e Bahia.
Além disso, houve o agravamento da seca, que passou de fraca para moderada nos estados do Ceará e Pernambuco. E no Sudeste, devido às anomalias positivas de precipitação, foi observado o recuo da seca fraca em Minas Gerais e São Paulo. O mesmo foi observado na porção norte do Rio Grande do Sul. No Norte do país houve o agravamento da seca no centro e no sudoeste do Amazonas, norte do Acre e sul de Rondônia, que passou de grave para extremo.
Até quando o El Niño vai influenciar o clima no Brasil?
Condições características do fenômeno El Niño continuam a ser observadas no oceano Pacífico equatorial, que começou a apresentar seus primeiros sinais no mês de fevereiro, quando surgiram anomalias positivas de temperatura próximas à costa oeste da América do Sul.
Além disso, as previsões indicam a continuidade do fenômeno, com intensidade forte nos próximos 3 meses (Dezembro-Janeiro-Fevereiro) e permanência pelo menos durante o primeiro semestre de 2024. Este padrão se apresenta na forma de uma faixa de águas quentes em grande parte do Pacífico equatorial que próximo a costa da América do Sul são superiores a 3°C. Mas qual será o impacto nas regiões do Brasil?
Em praticamente toda a Região Nordeste e porção centro-leste da Região Norte, a tendência é de chuva abaixo da média climatológica. E na Região Sul? As chuvas deverão continuar acima do normal, ou seja, são esperados altos acumulados de precipitação para essa região. Em relação a temperatura, teremos uma maior probabilidade de valores acima da média em boa parte do Brasil!
À medida que nos aproximamos do verão, o calor vai aumentando em várias partes do Brasil, e com a atuação do El Niño, não se descarta a possibilidade de ocorrência de uma nova onda de calor em dezembro de 2023. A medida que o El Niño atinge seu ápice, teremos o aumento das temperaturas máximas no país.
Não podemos esquecer que não é apenas o El Niño que está influenciando o clima no Brasil, mas sim uma combinação entre o El Niño e o aquecimento anômalo do Atlântico Tropical Norte. Essa combinação tem gerado esse padrão de anomalias opostas de chuva ente a porção norte e sul do Brasil.