Eventos extremos: saiba o que esperar das próximas chuvas previstas para a Região Sul do Brasil

Faltam poucos dias para o início da primavera e eventos extremos de chuva e calor já se destacam no Brasil, principalmente na região Sul devido à influência do El Niño. Saiba o que esperar para os próximos dias e até meses.

inundação
Depois de tudo, população gaúcha já se prepara para novos eventos extremos de chuva em um ano de El Niño.

Os eventos extremos estão cada vez mais intensos e freqüentes ao redor de todo o mundo, diariamente são noticiadas tragédias com relação às chuvas e ao calor intenso. No Hemisférico Sul ainda é inverno, mas apesar disso, o calorão tem sido um forte aliado dos temporais com vendaval, descargas elétricas e granizo.

Nessa primeira metade do mês de setembro, eventos climáticos extremos chamaram a atenção no Brasil, como o aumento desenfreado das queimadas no Amazonas devido à seca e o calor, enquanto que as inundações devastaram cidades no Rio Grande do Sul. Tudo isso seria influência apenas do El Niño ou as mudanças climáticas têm culpa no cartório? A resposta é simples, o El Niño sendo um fenômeno comum de acontecer, apenas potencializa as dores já sentidas pelo planeta devido ao aquecimento global, o que torna os eventos extremos mais intensos e mais freqüentes também.

Depois de toda a chuvarada registrada no Sul do país, uma trégua veio para gerar acalento e possibilidade de muito trabalho de recuperação nas dezenas de cidades que ficaram embaixo d’água. O tempo firme vai persistir na região Sul por alguns dias, sendo ainda um pequeno intervalo que apesar de muito importante, pode ser insuficiente para o que precisa ser feito no estado gaúcho. A pergunta que fica é quando a chuva volta e se outros eventos extremos já estão previstos para o Rio Grande do Sul.

Final do inverno com mais chuva no Sul do país

A pequena trégua da chuva na região Sul só vai até o domingo (17) quando uma frente fria começar a se aproximar do estado recebendo o suporte de uma área de baixa pressão atmosférica no interior do continente. Entre o final da tarde e o início da noite, temporais podem atingir novamente a metade sul do estado gaúcho, com possibilidade de ventos de até 80km/h, além de trovoadas, descargas elétricas e eventual queda de granizo devido a combinação entre calor e umidade. O volume pode variar entre 25 e 80 milímetros, não se descartando o potencial para novos transtornos, uma vez que o nível dos rios segue elevado e com cota de transbordamento sendo monitorada.

Na segunda-feira (18) o sistema avança mais pela região Sul e pode levar chuvas generalizadas nos três estados. O volume ainda será mais expressivo no Rio Grande do Sul, especialmente na fronteira oeste gaúcha que já foi muito atingida pelo último ciclone nessa semana que passou. Apesar do maior volume em torno de Uruguaiana, Santana do Livramento e Alegrete, volumes significativos podem ser registrados também em outras localidades no Rio Grande do Sul, assim como no oeste de Santa Catarina e no sudoeste do Paraná.

A última semana do inverno de 2023 vai começar com o avanço de uma frente fria e o risco de temporais com queda de granizo no Rio Grande do Sul. Volumes expressivos estão previstos para o estado mais uma vez!

Na terça-feira (19) a chuva persiste e será a vez de cidades mais ao norte do Rio Grande do Sul serem atingidas novamente por volumes significativos, mas depois disso, as instabilidades começarão a perder força com o avanço da frente fria para o Sudeste. De modo geral, vale ressaltar inclusive, que o volume de chuva esperado até meados da próxima semana será muito inferior ao que foi registrado nos dois últimos eventos de chuva. A segunda quinzena de setembro será menos úmida comparada aos primeiros 15 dias do mês. Mas será que os eventos extremos não voltarão?

Primavera começa eventos extremos no Sul do Brasil

A primavera é conhecida como a estação das flores, mas também como a estação dos maiores e piores temporais devido à combinação normal entre umidade e calor. A estação vai começar na madrugada entre os dias 22 e 23 de setembro, mais precisamente às 03h50 no horário de Brasília. A primavera de 2023 vai ocorrer sob a influência do fenômeno El Niño que é capaz de potencializar o calor que serve como combustível para os temporais. No Sul do país, a estação também será marcada por mais chuva comparada a outras regiões brasileiras.

chuvas extremas na Região Sul
Previsão de anomalia de precipitação para o trimestre outubro-novembro-dezembro segundo o modelo ECMWF.

A expectativa é de chuvas acima da média no Sul do Brasil durante a primavera, o que até então seria uma boa notícia depois de três anos de seca por conta do La Niña. As chuvas mais frequentes e volumosas são importantes para o setor agrícola, para o setor energético e para o próprio abastecimento das cidades. O problema é quando essa chuva não ocorre de maneira bem distribuída e sim em forma de eventos extremos, ou seja, cair 200 milímetros ao longo de semanas não seria um problema, mas se torna um problema enorme quando isso cai em poucas horas.

Após esses últimos eventos extremos que atingiram o Rio Grande do Sul, a pergunta que fica é se já tem outro evento extremo previsto e quando isso pode acontecer. A resposta é sim, a tendência é de muita chuva já no mês de outubro, mas uma chuva que vai acontecer de maneira mal distribuída, com altos volumes atingindo o norte do Rio Grande do Sul e dessa vez também, atingindo Santa Catarina e o Paraná. São esperados mais de 400 milímetros no mês de outubro, e uma grande parcela desse volume pode cair em pouco tempo, sendo o grande gerador de novas tragédias na região Sul.

Na previsão dos próximos 30 dias, os modelos climáticos já apontam um novo evento extremo de precipitação, algo que pode gerar mais transtornos, prejuízos e perdas irreparáveis no Rio Grande do Sul. Já na virada do mês de setembro para outubro, um ciclone pode gerar volumes em torno de 170 milímetros no norte gaúcho, como é o caso de Erechim mostrado no gráfico acima. Em um intervalo de 30 dias são esperados mais de 540 milímetros de chuva na cidade, mas cerca de 31% por cento desse volume pode cair em um único dia, ou seja, um grande risco para novas inundações.

A longo prazo, outros eventos extremos podem atingir não só o norte do Rio Grande do Sul, como várias partes do estado e também Santa Catarina e o Paraná. Afinal será uma primavera mais quente e mais úmida com a influência do fenômeno El Niño em toda a região Sul, algo que deve se repetir também no próximo verão 23/24.