O que esperar para a segunda quinzena de fevereiro?

Nas próximas duas semanas de fevereiro as oscilações Antártica e de Madden-Julian serão os principais fatores influentes do clima. Será que as chuvas vão continuar a ocorrer em boa parte do país? Há potencial para uma nova onda de calor? Saiba aqui.

Clima fevereiro
Chuvas continuam a ocorrer no país, porém o padrão de difere entre as duas próximas semanas.

As primeiras duas semanas de fevereiro foram marcadas por uma mudança no padrão da distribuição das chuvas, que passaram a ocorrer mais no Centro-Norte do país, proporcionando eventos volumosos em boa parte do Sudeste e nos estados de Goiás e da Bahia.

A maior passagem de sistemas frontais também contribuiu para a redução das temperaturas e para uma sensação mais amena nas regiões Sudeste e Sul em relação ao período de transição de janeiro para fevereiro, quando ocorreu uma onda de calor.

anomalia; precipitação; fevereiro
Anomalia de precipitação (esq.) e precipitação acumulada (dir.) para o mês de fevereiro, segundo as estações do Inmet.

Será que este padrão mais chuvoso irá se manter nas próximas semanas? Há a possibilidade de outra onda de calor? Antes de partir para o que as projeções de precipitação e temperaturas, é necessário analisar os principais fatores climáticos, que influenciam na escala de tempo de 15 dias, para fazer o devido julgamento do cenário que os modelos “enxergam” para essas duas variáveis.

Fatores climáticos: Modo Anular Sul (SAM) e Oscilação de Madden-Julian (MJO)

O Modo Anular Sul (SAM), conhecido também como Oscilação Antártica (AAO), se manteve positiva durante as primeiras duas semanas deste mês, o que favoreceu a concentração das chuvas, principalmente, na Região Sudeste. Para os próximos dias, há a manutenção do SAM em índices positivos, porém com uma tendência negativa, proporcionando o avanço de sistemas transientes de precipitação e, consequentemente, para chuvas na porção Centro-Leste do país. Assim, a atuação de massas de ar mais seco e relativamente mais frias no Centro-Sul do país também é favorecida.

Modo Anular Sul; Oscilação Antártica; SAM; AAO
Comportamento registrado (linha preta) e projeção média (linha verde) do SAM.

Posteriormente, o índice passa a atuar muito próximo da neutralidade e com um leve tendência positiva por volta da última semana de fevereiro, o que corrobora com um cenário de deslocamento das chuvas para a Região Sul, resultando em redução em diminuição da precipitação no Centro-Norte do país e favorece o aumento das das temperaturas.

Em relação à Oscilação de Madden-Julian (MJO), este fator climático também foi favorável à ocorrência de chuvas, atuando na fase 7 nas primeiras semanas de fevereiro. Essa condição se mantém ao longo dos próximos dias, com atuação em neutralidade na última semana do mês, não atrapalhando e nem ajudando as chuvas no Brasil.

Madden-Julian; MJO
Taxa de precipitação média para cada fase da MJO (dir.) e previsão da oscilação para até 15 dias, segundo o modelo CFSv2.

Em resumo, a combinação das influências dos fatores SAM e MJO, os próximos 7 dias serão de chuvas mais concentradas no Centro-Norte do país, e durante a última semana passa a haver um deslocamento da precipitação para o Centro-Sul, com acréscimo das temperaturas. Será que o modelo climático CFSv2 está respondendo a essas influências?

Anomalias de precipitação e temperatura do modelos CFSv2

O modelo CFSv2 traz um padrão de distribuição de chuvas bastante coerente com o que se espera das influências dos fatores climáticos SAM e MJO analisados acima. Nesta semana, o tempo firme predomina no Centro-Sul do país, enquanto que as chuvas se concentram mais na porção entre o centro-norte do Sudeste, interior do Nordeste e na porção centro-leste da Região Norte.

CFSv2
Anomalias de precipitação e temperaturas para os próximos 15 dias, segundo o modelo CFSv2.

Já na última semana de fevereiro, as chuvas se concentram mais nos extremos norte e sul, o que resulta em uma irregularidade para a porção Central do país. Esse padrão, acaba por favorecer o aumento das temperaturas no Centro-Sul, devido à maior atuação do escoamento de norte/nordeste. Por outro lado, os ventos atuam com maior intensidade no leste nordestino, contribuindo para o aumento da umidade e para temperaturas mais amenas.