Fim do verão está próximo! O que podemos esperar do clima no outono 2024 para o Nordeste?
Outono à vista! Com o enfraquecimento do fenômeno El Niño e transição para a neutralidade, modelos indicam um cenário interessante de chuvas sobre a região Nordeste no trimestre de Março-Abril-Maio!
Estamos se aproximando do último mês completo do verão e do início do outono no Hemisfério Sul. Climatologicamente falando, os meses de Março-Abril-Maio (MAM) no Nordeste são caracterizados por chuvas volumosas no litoral norte da região, entre o Maranhão e Ceará, associadas a intensa atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) nesta época.
O atual evento de El Niño atingiu seu pico de intensidade máxima em dezembro de 2023, quando as anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) na região do Niño 3.4 chegaram a +2°C, classificado como um El Niño forte, e atualmente é de +1.7°C. Agora, as projeções indicam que o El Niño continuará influenciando o padrão climático global, mas deverá sair de cena no segundo semestre de 2024!
De protagonista a coadjuvante: o El Niño vai saindo de cena!
Porém, o evento está com seus dias contados, pois está sendo observado sinais de enfraquecimento do fenômeno El Niño, e a expectativa é de que as chuvas voltem a avançar sobre a região Nordeste. E segundo a previsão mais recente da NOAA, há indicativos de condições favoráveis para o desenvolvimento de um fenômeno de La Niña no segundo semestre de 2024.
As projeções para o outono de 2024 indicam uma transição em direção a neutralidade com um potencial evento de La Niña na estação seguinte, o inverno austral. Existe uma tendência histórica para o fenômeno da La Niña vir logo em seguida de um evento forte de El Niño. Em resumo, se a previsão se concretizar, a partir da primavera e ao longo do verão teremos um aumento no Norte e Nordeste do país.
Durante os anos de La Niña, observa-se uma intensificação das condições oceânicas e atmosféricas que prevalecem no Oceano Pacífico, as águas ficam mais frias na região Niño 3.4 e a célula de circulação de Walker fica mais intensa. Mas vale ressaltar que o El Niño continuará influenciando o clima global, mas existem outros moduladores do clima ativos.
Outro fator determinante no clima do Nordeste é o Atlântico Sul, que ainda apresenta condições favoráveis à formação de precipitação devido às anomalias positivas de TSM, que tendem a manter a ZCIT mais intensa e posicionada mais ao sul de sua posição climatológica. Inclusive, tal padrão de TSM está sendo previsto pelo modelo ECMWF para o trimestre de Março-Abril-Maio.
Déficit de chuvas provocou o agravamento da seca no Nordeste
O Monitor de Secas é uma das ferramentas disponíveis que auxilia na previsão e alerta precoces de secas, não só no Nordeste, mas em todo país.
Em Alagoas, devido à anomalia positiva de chuva, houve uma redução dos indicativos de seca, de grave para moderada, o mesmo foi observado no estado vizinho de Sergipe. No estado de Pernambuco, o resultado foi oposto, o déficit de chuvas resultou no agravamento da seca na porção central e oeste, passando de seca moderada para grave.
Porém, no Piauí também foi observado uma suavização da seca no centro do estado. No Rio Grande do Norte não ocorreram muitas alterações em relação ao mês anterior. E na Bahia, o cenário foi interessante, houve o recuo da seca no noroeste, assim como no nordeste e centro-sul do estado.
Nordeste: cenário favorável a chuvas no outono de 2024
As previsões do modelo ECMWF para a precipitação no trimestre de Março-Abril-Maio (MAM) indicam um cenário interessante, com anomalias positivas de precipitação para a região Nordeste, ou seja, chuvas acima da média climatológica entre o litoral do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
Além disso, na porção compreendida entre o Sertão e Agreste, além de algumas partes do Meio-Norte e porção norte do estado da Bahia, também são esperadas chuvas acima ou dentro da climatologia. Estes aspectos reforçam o prognóstico do enfraquecimento do fenômeno El Niño e a transição para fase neutra, e assim deixará de influenciar as chuvas no Nordeste.
Este panorama traz esperanças para os moradores e gestores de recursos hídricos, assim como os operadores de energia, com a possibilidade de reabastecer os reservatórios que estão em situação crítica no Nordeste, como é o caso de 5 açudes no estado da Paraíba que estão totalmente vazios, e outros 2 que estão com volume abaixo de 5%..