Frio no Carnaval: modelos mostram risco de geada em pleno verão no Sul

Já noticiamos sobre o avanço de uma frente fria e de uma massa de ar frio pelo centro-sul do Brasil. No entanto, os modelos vêm atualizando a intensidade do frio e mostram um potencial de geada em pleno verão na Serra Catarinense.

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Massa de ar frio está prevista para os próximos dias no Brasil e as últimas atualizações trazem possibilidade de geada!

Esta semana e, principalmente, o feriadão de carnaval serão marcados por muita chuva e por uma condição bastante interessante e esperada: o avanço de uma massa de ar frio que, além de trazer alívio ao calorão, pode trazer sensação de frio em parte das regiões Sul e Sudeste, como o meteorologista Matheus Manente noticiou aqui na Meteored.

No entanto, o que chama a atenção são as temperaturas abaixo dos 10°C em boa parte da Região Sul, mas, principalmente, o potencial para a ocorrência de geada na região da Serra Catarinense em pleno verão e após uma onda de calor!

Claro que ainda se trata de uma tendência e os modelos ECMWF e GFS ainda irão mudar a intensidade do frio, mas, uma coisa é fato: a massa de ar frio irá avançar e baixa bastante as temperaturas, trazendo um cenário não muito típico do verão. Mas o que os modelos de fato estão mostrando? Vamos ver a seguir!

Intensidade do frio e o risco de geada segundo os modelos ECMWF e GFS

Na sexta-feira (17), uma forte massa de ar frio inicia a sua incursão pela Região Sul, proporcionando o registro das temperaturas mínimas no período da noite, quando podem atingir os 13°C e 14°C nas áreas de fronteira com o Uruguai e nas localidades da serra gaúcha e catarinense. No restante do Rio Grande do Sul, as temperaturas variam de 15 a 19°C. Já no Paraná e em Santa Catarina, a redução das temperaturas ainda não é muito expressiva com valores entre 18 e 24°C.

Apesar da grande divergência da intensidade do frio entre os modelos, acredita-se na probabilidade de ocorrência de geada fraca na região da Serra Catarinense.

Na madrugada do sábado (18) e domingo (19) é quando a percepção do frio é maior e as mínimas abaixo de 10°C ocorrem em toda a região da Serra e do Planalto da Região Sul, com diferença de 1°C nessas áreas de um dia para o outro, sendo o domingo mais frio.

Agora indo mais aos detalhes do que os modelos ECMWF e GFS mostram, ambos estão variando entre as suas atualizações em torno de 2°C da intensidade do frio, sendo o GFS o modelo mais frio e com uma diferença de até 3°C em relação ao ECMWF.

previsão geada
Temperaturas mínimas dos modelos ECMWF (esq.) e GFS (dir.) para os sábado (em cima) e no domingo (embaixo).

Assim, nas regiões mais frias, os Campos de Cima da Serra no Rio Grande do Sul e a Serra de Santa Catarina, as mínimas do modelo GFS estão variando de 4 a 6°C e, do ECMWF, a variação é de 5 a 9°C. Sob as condições do GFS, há potencial de geada fraca com maior probabilidade de ocorrência da Serra Catarinense. Já o modelo ECMWF, traz um cenário menos provável para para formação de geada.

Após discussões entre os meteorologistas da Meteored Brasil, acredita-se na possibilidade de geada somente nas regiões mais elevadas da Serra Catarinense, como na região de São Joaquim, uma vez que os modelos já subestimaram a intensidade do frio nessa região em outras situações. Ocorrendo ou não, de qualquer forma, trata-se de uma evento intenso para a época do ano. Mas o que está provocando o avanço dessa massa de ar frio?

O que explica uma forte massa de ar frio em pleno verão?

A explicação está mais uma vez na Oscilação Antártica (AAO), um fator climático que está relacionado com mudanças na posição da corrente de jato, dos sistemas frontais e dos ciclones.

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Condição registrada (linha preta cheia) e previsão (linhas vermelhas) da AAO.

Assim, quando possui uma tendência negativa forte ou está negativa, traz um interpretação de reforço das correntes de jato, possibilitando a incursão de frentes frias e massas de ar frio pelo centro-sul do Brasil. Portanto, o evento de agora está diretamente relacionado com a AAO, que além do frio, vai contribuir também para as chuvas mais intensas durante o Carnaval.