Fumaça das queimadas da Amazônia e do Pantanal chegou ao Sul do Brasil e pode atingir a Região Sudeste

A nuvem de fumaça que está atingindo a região Sul também chegará ao Sudeste até o final desta semana. Algumas das consequências são um céu mais avermelhado, redução da visibilidade e uma piora expressiva na qualidade do ar.

Imagem de satélite no espectro visível durante a terça-feira (06) de manhã.
Imagem de satélite no espectro visível mostra nuvem de fumaça chegando à região Sul. A fumaça pode ser notada pelas cores acinzentadas, enquanto nuvens comuns são mais brancas.

A nuvem de fumaça gerada pelos incêndios florestais e pelas queimadas nas regiões Centro-Oeste e Norte já está chegando à região Sul. Previsões indicam ainda que a fumaça também chegará à região Sudeste até o final desta semana.

Entre janeiro e julho, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou um aumento significativo no número de focos de queimadas na região Centro-Oeste. Desde o início de 2024 até o momento, já foram registrados 21.216 focos na região, um aumento significativo em relação ao ano passado - quando 10.065 focos foram registrados entre Janeiro e Julho.

Mapa de risco médio de incêndio no mês de Julho.
Mapa de risco médio de incêndio no mês de Julho mostra que toda a área central do país permaneceu em estado de risco alto a crítico, impulsionando o número de queimadas. (imagem: INPE)

Um aumento significativo também foi registrado na região Norte do país. Entre Janeiro e Julho de 2024, foram registrados 23.070 focos de incêndio, contra 12.063 em 2023. Num geral, os números indicam que a quantidade de incêndios florestais praticamente dobrou de 2023 para 2024, e continuará aumentando.

A situação é agravada pela estiagem pronunciada que atinge toda a região Central do país. Há municípios que já estão a quase 110 dias sem registrar um pingo de chuva entre o Mato Grosso, Goiás e norte de Minas Gerais. Além disso, as temperaturas máximas na região continuam mais quentes que o normal, atingindo a casa dos 40°C durante a tarde, e a umidade relativa continua baixíssima, atingindo valores abaixo dos 20% - similares aos do deserto do Saara.

O inverno é a época mais crítica para a propagação do fogo, pois a maior parte do país enfrenta uma estação seca, com redução drástica das chuvas e baixa umidade do ar. Mas neste ano de 2024 em particular, o clima está ainda mais seco e quente do que o normal.

Por que a fumaça originada das queimadas no centro-norte do país está chegando ao Sul e ao Sudeste?

Além de toda a situação climática extrema que a porção central do país está enfrentando, a circulação dos ventos em níveis de 850 hPa da atmosfera está proporcionando um transporte das massas de ar para o Sul do país, o que carrega também material particulado como a fumaça das queimadas. Essa circulação é direcionada, em grande parte, graças à cordilheira dos Andes, localizada ao oeste do continente.

Previsão de concentração de material particulado na atmosfera durante a sexta-feira.
Previsão de concentração de material particulado na atmosfera durante a sexta-feira mostra que a fumaça deve chegar à região Sudeste, atingindo principalmente São Paulo e Rio de Janeiro.

Imagens de satélite já estão mostrando as densas nuvens se espalhando pelo Sul do país nos últimos dias. A partir de sexta-feira (09), a circulação dos ventos deve fazer com que a fumaça chegue também ao Sudeste, atingindo especialmente São Paulo e Rio de Janeiro. Partes de Minas Gerais e Espírito Santo também devem registrar o acontecimento.

Quais as consequências da nuvem de fumaça?

Talvez uma das consequências mais visíveis sejam um pôr do sol mais avermelhado. A fumaça na atmosfera dispersa a luz solar em partes específicas do espectro visível, fazendo com que o sol e o céu pareçam mais vermelhos ou alaranjados. Além disso, a visibilidade pode ser drasticamente reduzida.

A inalação de partículas finas presentes na fumaça pode ainda causar irritação nos olhos, nariz e garganta, além de agravar condições respiratórias como asma e bronquite e exacerbar alergias. A presença de partículas e gases tóxicos na fumaça reduz significativamente a qualidade do ar.

EM RESUMO, as previsões indicam que a nuvem de fumaça que já está atingindo a região Sul também chegará ao Sudeste a partir desta sexta-feira (09). Algumas das consequências são um céu mais avermelhado, redução da visibilidade e uma piora expressiva na qualidade do ar, que pode impactar negativamente quadros de saúde.

Ao longo dos próximos dias, não deixe de conferir as previsões de qualidade do ar específicas para o seu município aqui no site da Meteored | Tempo.com.