INMET emite aviso de geada na região Sudeste mesmo sem massa de ar frio. O que está acontecendo?
Um conjunto de fatores meteorológicos está causando uma amplitude térmica elevada na região Sudeste, o que ocasiona temperaturas baixíssimas durante a madrugada e até mesmo geadas em alguns municípios.
Mesmo sem a entrada de nenhuma frente fria, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) tem emitido avisos de geada para o Sul de Minas Gerais, especialmente na área que beira o estado de São Paulo, o que nos leva a questionar o porquê de algo assim estar acontecendo. De acordo com o INMET, há risco de temperaturas mínimas de até 3ºC.
As geadas são causadas por fenômenos atmosféricos que resultam em temperaturas muito baixas ao nível do solo, geralmente abaixo de 0°C, que causam o congelamento da água. Geralmente, são observadas na região Sudeste quando há a entrada de uma massa de ar polar muito intensa.
Mas, nos últimos dias, uma combinação de fatores está fazendo com que a amplitude térmica ao longo dos dias seja muito alta em diversos municípios do Sudeste. Isso significa que, durante a tarde, um calor significativo é registrado, enquanto durante as madrugadas ocorre um frio muito intenso - em alguns municípios, capaz até mesmo de formar geadas.
O que está deixando a amplitude térmica tão alta no Sudeste?
O primeiro fator é a presença de céus limpos, com poucas nuvens. Durante o dia, a radiação solar direta causa um aquecimento elevado na região. Porém, durante a noite, o céu aberto permite com que o calor acumulado no solo escape rapidamente para o espaço por meio de perda radiativa. Isso resulta em um resfriamento rápido da superfície.
O segundo fator é o ar seco. A baixa umidade do ar facilita a perda de calor, contribuindo para a queda das temperaturas noturnas. O INMET está inclusive com avisos vigentes de umidade relativa do ar, que está atingindo valores baixíssimos de até 20% na região Sudeste.
O terceiro fator é a baixa velocidade dos ventos. Com a ausência de sistemas meteorológicos que causem ventos significativos, o ar permanece estacionário e permite com que uma camada de ar frio se acumule próxima ao solo. Em condições de vento forte, o ar frio seria misturado com o ar mais quente das camadas superiores, elevando a temperatura.
E o quarto fator, evidente especialmente na região que compreende o Sul de Minas, Serra da Mantiqueira e arredores, é a topografia. A região já é conhecida pelas baixas temperaturas devido às altitudes elevadas, e os vales da região são particularmente suscetíveis à formação de geadas porque o ar frio, sendo mais denso, tende a se acumular nesses locais.
A questão que resta agora é, quando essa situação vai mudar, e quando essa amplitude térmica extrema vai deixar de existir na região Sudeste? O fato é que essas condições podem ser interrompidas já na primeira semana de Agosto.
O resultado será uma quebra de padrão que pode mudar completamente o panorama meteorológico na região, mesmo que por um breve período de tempo. Com o aumento da nebulosidade, da umidade e da velocidade dos ventos, a possibilidade de amplitudes térmicas extremas reduz consideravelmente.