Julho vai terminar com bastante frio: queda de temperatura acontece até o Nordeste do Brasil
Modelos apostam em retorno do frio no final de julho com onda que pode avançar e gerar queda de temperatura até a região Nordeste. Veja os principais destaques.
Boa parte do inverno já passou no Hemisfério Sul e dá para contar nos dedos quantos dias foram realmente frios, o que de certa forma tem deixado muita gente frustrada. O calor acima do normal tem chamado a atenção na maior parte do Brasil devido a bloqueios atmosféricos e instalação de ondas de calor.
Simulações climáticas recentes, no entanto, apostam em uma possível mudança de padrão bem no finalzinho do mês de julho, em que a previsão é de quebra do bloqueio atmosférico e avanço de ciclones e frentes frias.
Já foi mencionado em outros artigos da Meteored Brasil o principal motivo dessa mudança brusca de padrão. A projeção é que no final do mês haja uma mudança de fase da Oscilação Antártica (AAO), índice que ficará negativo e possibilitará o avanço dos sistemas.
Os gráficos acima mostram essa mudança de fase da AAO no final de julho, algo que será suficiente para mudar o padrão de seco para úmido e o avanço de uma onda de frio pelo país. Essa influência do índice de oscilação é muito importante, já que as condições oceano-atmosfera continuam em neutralidade, sem influência do El Niño e do La Niña.
Vão começar as mudanças
O que vai gerar as primeiras mudanças no tempo nessa reta final de julho será um novo sistema que tende a se formar no decorrer do fim de semana a partir de uma frente fria que vai avançar pela costa da Argentina e de uma área de baixa pressão atmosférica que vai desacoplar e se deslocar do Paraguai para o litoral entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, dando origem a um ciclone.
A frente fria vai começar a romper o bloqueio atmosférico e avançar, mesmo que de forma costeira gerando um canal de umidade vai se estender até o leste do Nordeste. Aliás, algumas áreas podem receber volumes significativos, em torno de 40 a 60 milímetros, não se descartando o potencial para transtornos pontuais.
Falando de temperaturas, o destaque ainda nesse finalzinho de julho é que logo após o avanço dessa frente fria, uma massa de ar frio tende a derrubar as temperaturas de forma acentuada.
O mapa acima mostra a temperatura mínima prevista para a manhã da terça-feira (30) e nota-se que as baixas temperaturas (áreas em verde) já tomarão conta de boa parte da região Sul, em especial de cidades gaúchas com mínimas de apenas 1°C, não se descartando a possibilidade para geadas.
Frio vai avançar e chegar ao Nordeste
Quem achava que o frio ficaria restrito ao Sul do país está muito enganado, pois a mudança de padrão prevista para a virada de julho para agosto será bastante expressiva.
Com o avanço das instabilidades pela costa brasileira até chegar ao Nordeste nos próximos dias, uma onda de frio tende a avançar logo na retaguarda, o que vai deixar o Sul e até partes do Sudeste em alerta para eventos de geada, mas que pode provocar também uma queda de temperatura acentuada em boa parte do Nordeste como mostra o mapa abaixo do modelo europeu ECMWF.
No período entre 29 de julho e 05 de agosto, a projeção é de anomalias negativas de temperatura em toda essa faixa em azul do mapa, o que mostra a área que tende a registrar uma queda acentuada de temperatura comparado ao período anterior. As anomalias podem variar de 0 a 5 graus abaixo da média.
Atenção às mudanças com a chegada de agosto
Já ficou claro que o padrão de chuvas e temperaturas mudará na virada do mês e julho para agosto, e apesar das chuvas e do frio já mencionados anteriormente, tem mais chuva e mais frio nos primeiros dias de agosto.
Primeiro vamos falar de precipitação em que a tendência é de avanço de novas instabilidades, e dessa vez de forma mais continental, ou seja, é no período entre 5 e 12 de agosto que o tempo pode mudar significativamente em boa parte do centro-sul do país.
O mapa acima mostra a anomalia positiva de precipitação (áreas em verde) desde o Rio Grande do Sul até chegar a pontos de Mato Grosso e Minas Gerais. Nota-se que a umidade tende a se concentrar sobre o interior do Paraná, de Mato Grosso do Sul e de São Paulo, áreas que vem sofrendo com a estiagem prolongada.
Vale ressaltar que após o avanço da nova frente fria nesse período, também existe a possibilidade de uma nova massa de ar frio intensa, com queda de temperatura prevista para todas as áreas em azul do mapa, desde o sul gaúcho até o leste paulista.