La Niña chegou ao fim. O que acontece com o clima agora?

Embora ainda haja sinais de La Niña na circulação atmosférica, seus índices oceânicos já estão oficialmente em estado neutro. Confira o que isso significa para o clima brasileiro.

La Niña chegou ao fim. O que acontece com o clima agora?
Ainda há sinais de La Niña na circulação atmosférica, mas seus índices oceânicos já se dissiparam. O que isso significa para o clima brasileiro?

Entre períodos mais ou menos intensos, um La Niña esteve ativo desde 2020 no oceano Pacífico Equatorial. O fenômeno foi capaz de influenciar o clima global durante três anos, mas agora está finalmente a caminho do fim, o que pode mudar bruscamente o clima brasileiro ao longo do próximo ano.

Os indicadores oceânicos, como as temperaturas na superfície do mar, já enfraqueceram oficialmente para valores neutros. A circulação atmosférica, no entanto, tem sido mais lenta para responder à essas alterações e ainda permanece com características de La Niña por mais algum tempo.

youtube video id=NFng9943Ruc

Isso significa que o La Niña ainda pode influenciar o clima no Brasil durante o restante do verão. Alguns dos efeitos do fenômeno são justamente a formação de secas severas no Sul do Brasil, e chuvas mais intensas no Norte e Nordeste - Efeitos que já estão sendo observados a meses.

Afinal, quando o efeito do La Niña acaba oficialmente?

É comum que a atmosfera, a nível global, demore cerca de três meses para responder de fato às alterações nas temperaturas oceânicas. Isso significa que, até o fim do verão, a influência do La Niña ainda será sentida no Brasil, mas enfraquecerá gradualmente até sumir.

Praticamente todos os modelos de previsão estão indicando que as temperaturas do oceano Pacífico Central vão continuar se elevando. Os índices oceânicos permanecerão em categorias neutras durante o outono e possivelmente o inverno.

Pluma de previsões do ENOS pelo modelo ECMWF
Pluma de previsões do ENOS pelo modelo ECMWF, mostrando valores crescentes até o final do ano.

Isso significa que o clima, ao longo dos próximos meses, estará nas mãos de outros fenômenos e oscilações menores - como a Oscilação Antártica e a Oscilação de Madden-Julian - e portanto, terá uma previsibilidade mais baixa.

Ainda assim, as anomalias positivas vão atingir valores mais intensos até o fim do ano - caracterizando a formação de um El Niño. Isso significa que, no próximo verão, o Brasil provavelmente já estará sob influência do El Niño, cujos principais efeitos no clima são:

  • Região Sul: Chuvas intensas e frequentes e aumento das temperaturas médias;
  • Região Sudeste: Aumento moderado das temperaturas médias;
  • Região Centro-Oeste: Sem efeitos muito pronunciados, apenas chuvas e temperaturas acima da média no sul do Mato Grosso do Sul
  • Região Nordeste: Diminuição brusca das chuvas e secas severas.
  • Região Norte: Diminuição das chuvas, secas severas, aumento pronunciado de incêndios florestais.
Mapa de previsão de anomalia da temperatura da superfície dos oceanos para os meses Junho, Julho e Agosto de 2023
Mapa de previsão de anomalia da temperatura da superfície dos oceanos para os meses Junho, Julho e Agosto de 2023 indicam a presença do El Niño, marcado com um quadrado verde.

Qual a diferença entre El Niño e La Niña?

O La Niña e o El Niño são lados opostos de um mesmo fenômeno, que se forma no oceano Pacífico Equatorial e na sua atmosfera adjacente. Seu nome completo é El Niño Oscilação Sul (ENOS). Quando essa região está mais quente do que a média histórica, caracteriza-se um El Niño. Quando está mais fria, caracteriza-se um La Niña.

Geralmente, El Niños se caracterizam por anomalias de +0,5°C ou mais, enquanto La Niñas são caracterizadas por anomalias de -0,5°C ou menos.

Esta mudança na temperatura superficial do oceano Pacífico pode parecer algo sem importância, mas é capaz de acarretar mudanças na temperatura e precipitação de todo o planeta. Por isso, o fenômeno é estudado e acompanhado com grande cautela especialmente pelos setores de agricultura e energia.