Lavouras de soja e milho do Brasil podem enfrentar estresse hídrico e térmico e gerar impactos negativos
A redução expressiva das chuvas e a chegada de uma intensa onda de calor gerou uma preocupação enorme no agro, o cenário é de impactos negativos principalmente na soja e no milho.
A redução expressiva das chuvas nos últimos dias em boa parte do país, em especial sobre o centro-sul, gerou apreensão no setor agrícola, isso porque grande parte das lavouras de milho e de soja estão em fases cruciais que dependem de umidade presente no solo. Muitas estão em desenvolvimento vegetativo, algumas já em fase de floração e enchimento de grãos. A falta de chuva agora pode comprometer a produtividade lá na frente.
A preocupação quanto à redução de chuvas só aumentou quando uma intensa onda de calor chegou ao centro-sul brasileiro após um padrão de bloqueio atmosférico se instalar, o que impede o avanço de frentes frias e mantém os dias mais secos e mais ensolarados. O impacto pode ser enorme, já que a previsão é que essa onda dure por pelo menos 10 a 12 dias, o que é suficiente para reduzir de maneira mais rápida os índices de água presente no solo.
Os maiores impactos podem ser registrados em lavouras de soja em floração e enchimento de grãos, pois em regiões com temperaturas acima dos 38°C, existe um forte potencial para estresse térmico, o que afeta a capacidade de fixação de flores e formação das vagens, isso de modo geral, pode acelerar a maturação e reduzir a qualidade e a produtividade das oleaginosas.
O estresse hídrico e estresse térmico também podem gerar impactos negativos em lavouras de milho em fase de floração, já que a fertilização das flores pode ser afetada diretamente, o que leva a espigas mal formadas e consequentemente, a uma perda de produtividade. Aliás, vale lembrar que o milho é especialmente sensível às condições de estresse no que compete ao clima.
Ainda sobre o milho, existe a grande preocupação com as lavouras em semeadura neste momento, pois o safrinha sob um calor extremo junto a uma baixa umidade, pode sofrer riscos de emergência e de estabelecimento inicial das plantas. Essa fase de germinação do milho é muito sensível à umidade do solo, o que pode atrasar ou diminuir a uniformidade das plantas que estão nascendo.
Calor intenso gera estresse térmico nas plantas
A condição é de muito calor nos próximos dias e até mesmo semanas sobre o centro-sul do país, em que algumas áreas produtoras podem ser afetadas negativamente devido à combinação de tempo seco e quente.
O maior alerta se espalha por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul em que desvios entre 3°C e 6°C podem ser registrados, o que na prática significa que as temperaturas já elevadas nesta época do ano, ficarão acima do normal, o que pode comprometer o desenvolvimento das plantas e a fase de enchimento de grãos.
A onda de calor pode durar por vários dias consecutivos, o que não significa uma ausência completa das chuvas dentro deste período. Por exemplo, as temperaturas muito elevadas podem perdurar em importantes áreas produtoras pelo menos até o dia 25 de março, mas até lá, são esperadas mudanças no tempo com a quebra do bloqueio atmosférico, ou seja, as chuvas podem retornar.
Estresse hídrico pode não durar muito tempo
A previsão é sim de tempo mais seco e mais ensolarado até o finalzinho desta semana, o que dará maior destaque para a onda de calor gerando temperaturas perto dos 40°C em muitos locais desde o estado gaúcho até Mato Grosso e Minas Gerais, porém, a mudança no tempo está prevista para o próximo fim de semana com a chegada de uma frente fria.
Essa frente fria já pode gerar volumes acima dos 120 milímetros em pontos da metade sul do Rio Grande do Sul até o domingo (17), o que pode ser um problema com geração de pontos de alagamento em várias cidades e fazendas, mas por outro lado, o que mais chama a atenção é que com a quebra do bloqueio atmosférico, as chuvas tendem a se espalhar de novo por todo o Sul e partes do Sudeste e Centro-Oeste, mesmo que com menor intensidade.
Os volumes podem sim ser expressivos sobre boa parte da região Sul, o que gera um alívio quanto a reposição hídrica do solo, e também claro, gera uma queda das temperaturas mais altas, mas não pode muito tempo e nem de forma muito intensa, ou seja, não vai fazer frio, apenas vai reduzir o calor intenso.
Já na maior parte do Sudeste e do Centro-Oeste, as chuvas permanecerão de maneira irregular, mal distribuída e com menores acumulados, ou seja, o cenário ainda será de redução da umidade do solo, já que apesar do tempo instável, as temperaturas ainda permanecerão bem altas.