Maio e junho: La Niña e Atlântico determinam o padrão de precipitação
Já estamos em meados do outono, com presença do La Niña, mas com chuvas intensas e temporais ocorrendo na Região Sul, bem como nos extremos norte e leste do país. Será que esse padrão irá se manter para maio e junho? Saiba aqui e confira também a previsão para o La Niña.
O fim do período úmido e o início do seco vêm ocorrendo dentro da normalidade, com as águas de março realmente fechando o verão na Região Sudeste, mas infelizmente provocando eventos históricos de precipitação no Rio de Janeiro. Além disso, foi o período de retorno das chuvas para a Região Sul, o que resultou no fim da estiagem nos três estados.
Em abril, a precipitação deu continuidade no centro-sul do país, sendo mais irregular no Centro-Oeste e no Sudeste, mas ainda volumosa no Sul. Outro destaque foi as primeiras incursões de ar frio, que trouxeram condições de inverno para muitas localidades.
Mas até o fim deste outono, será que este padrão irá se manter? Os mesmos ingredientes irão atuar, mas o que o modelo ECMWF está enxergando?
La Niña atinge o seu pico de intensidade
O La Niña vem, atuando desde o último trimestre de 2021 e não há indício fortes ainda de que vá embora tão cedo. O fenômeno ganhou intensidade desde então e deve continuar se intensificando, atingindo o seu pico no mês de maio. Após isso, a tendência do modelo CFSv2 (modelo que vem representando melhor as condições do ENOS) mostra uma diminuição da intensidade, mas uma manutenção do La Niña até o fim do ano.
Essa condição não é nenhuma novidade e traz uma ideia de irregularidade da precipitação para a Região Sul, principalmente nesta porção do país onde se espera uma boa frequência de chuva.
No entanto, há um fator que vem “salvando” o Sul da escassez hídrica: as águas mais aquecidas do Atlântico. Claro, que além das famosas e sempre presentes oscilações Antártica e de Madden-Julian.
Para os próximos meses, a projeção das águas mais aquecidas se mantém, o que deve ajudar na precipitação na Região Sul, ou pelo menos, a não proporcionar um período completamente seco. Já no restante do país, as condições oceânicas são favoráveis às chuvas nas regiões costeiras, principalmente no extremo norte e no leste do Nordeste.
Irregularidade no Sul e chuvas frequentes no Norte e Nordeste
De fato entramos na estação seca e as chuvas mais volumosas devem se concentrar nos extremos norte, leste e sul do país. Essa é uma condição média esperada. No entanto, o que devemos tentar entender é a frequência dos eventos de precipitação.
Para o centro-sul, principalmente para a Região Sul, o modelo ECMWF traz uma tendência de anomalias abaixo da média para maio, ou seja, a frequência de eventos de precipitação serão menores, ou por não haver sistemas frontais avançando, ou pelo fato mais coerente que seria da passagem mais rápida das frente frias e da atuação por mais tempo das massas de ar seco e frio.
No entanto, isso não quer dizer que quando houver chuva não será volumosa. Podemos sim ter eventos de tempo severo, o que poderia resultar em acumulados elevados.
Ainda no Sul, o mês de junho apresenta uma condição mais próxima à normalidade para boa parte da Região, o que pode ser motivado pelo enfraquecimento do fenômeno La Niña e da manutenção das águas do oceano mais aquecidas.
Para o restante do país, o destaque fica para as chuvas acima da média no extremo norte do país e no leste do Nordeste, que estão bastante coerentes em relação à influência dos mesmo fatores: La Niña e Atlântico
Já no Centro-Oeste e no Sudeste, sem grandes novidades, apenas uma condição mais úmida na porção leste desde o litoral de São Paulo até o Espírito Santo. No momento, não é possível afirmar a possibilidade de algum evento extremo.