Março de 2019: Sul mais seco e Centro-Norte chuvoso?
Neste mês de Março as chuvas ficarão mais concentradas no Centro-Norte do país. Já no Sul se espera um mês mais quente e seco. Esse cenário se mostra oposto à um sob influência de El Niño. Mas por que isso?
No mês anterior a NOAA (National Oceanic and Atmosferic Administration) anunciou a chegada do El Niño de fraca intensidade. No entanto, isso não quer dizer que a atmosfera irá “responder” ao aquecimento das águas do Pacífico Equatorial. Há outros fatores que influenciam nas condições atmosféricas em nosso país. Dois dele são de extrema importância: a Oscilação Antártica, que influencia mais o Sul, e a Oscilação de Madden-Julian, que influencia o Centro-Norte do país. Outro fator importante é a temperatura da superfície do Oceano Atlântico, na qual nos dá a ideia de como irá chover, ou seja, a qualidade da chuva, se irá ocorrer de forma mais abrangente ou mais isolada, persistente ou de curta duração.
Em vista disso, foi escolhida a saída de modelo que melhor representaria um cenário sob a influência desses fatores, e não se devem levar ao “pé da letra” os valores mostrados de anomalia, e sim a idéia de uma condição de mais chuva ou mais seca; mais quente ou mais fria. O modelo escolhido foi o NMME. Vamos à previsão.
O mês de Março
O início do mês de Março será marcado pela chegada de uma frente fria e pela atuação de um ciclone extratropical mais no fim da semana, que provocará bastante chuva em todo o Centro-Sul. Essa condição é influência de uma Oscilação Antártica negativa, que favorece uma maior frequência de atuação de sistemas de chuva. Já nas semanas seguintes, o sinal de dessa oscilação passa a ficar positivo e próximo da neutralidade, que provoca a diminuição das chuvas no Sul do Brasil no restante do mês, com risco de 10 a 15 dias de tempo seco, principalmente para o estado do Rio Grande do Sul. Assim, a temperatura média fica mais elevada, devido ao aumento da amplitude térmica na Região.
Para o restante do país o que se espera é um mês com chuvas frequentes e temperaturas mais amenas na porção mais central do país. Apesar de o modelo mostrar anomalias positivas (mais quente) em praticamente todo o Brasil, a interpretação que deve ser feita neste caso, é de temperaturas dentro da normalidade ou ligeiramente abaixo do esperado, no eixo de coloração mais clara que vai de Rondônia até o Espírito Santo e sul da Bahia. Neste caso, os modelos de maneira geral, não conseguiram representar bem os cenários de temperatura nessas áreas. Já para o leste do Nordeste e Região Sul, sim.
Na primeira semana, as chuvas ocorrem na forma de pancadas isoladas no Centro-Norte pelo fato de que passa a chover mais no Sul, portanto a tendência é de diminuição da abrangência das chuvas no restante do país. Na segunda semana, a frente fria avança em direção ao Sudeste, provocando chuvas volumosas na Região e em boa parte do Centro-Oeste. Para a segunda quinzena do mês, a previsão é de bastante chuva para o Centro-Norte do país. Isso devido à influência da oscilação de Madden-Julian e pelo fato de a temperatura da superfície do oceano estar mais aquecida na altura do Espírito Santo e do sul da Bahia, favorecendo a permanência da convergência de umidade. Chuvas volumosas são esperadas para o Nordeste e leste da Região Norte nesse período.