Março: elevado potencial de eventos extremos de chuva no Nordeste e Sudeste
Algumas previsões e fatores climáticos bem conhecidos indicam uma alta probabilidade de ocorrência de eventos extremos de chuva em partes do Centro-Norte do Brasil, incluindo a região Sudeste, entre a segunda e terceira semana de março.
A estação chuvosa no Brasil ainda não terminou e algumas regiões ainda podem vivenciar no mês de março tragédias parecidas como a ocorrida no litoral de São Paulo. Isso porque há uma grande probabilidade de ocorrência de chuvas muito volumosas que podem resultar em deslizamentos de terra, enchentes e inundações, provocando mais prejuízos e perdas de vidas, principalmente em áreas de risco, como encostas e regiões serranas!
Como já mencionado na previsão climática para o mês de março, o próximo mês será marcado por chuvas volumosas no Centro-Norte do Brasil! Além da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que estará bem ativa provocando muitas instabilidades e chuva nas regiões Norte e Nordeste neste mês, é possível que ocorra uma nova Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que provocará grande acumulados de chuva nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
O modelo de previsão estendida do ECMWF indica que as chuvas mais volumosas e extremas do mês ocorrerão entre a segunda e terceira semana de março, ou seja, entre os dias 6 e 20 de março. Na segunda semana, entre os dias 6 e 13 de março, o modelo indica chuvas acima do normal em grande parte do Norte, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, que poderá estar associada ao estabelecimento de uma ZCAS ou um corredor de umidade criado pela passagem de uma frente fria.
Novamente a região litorânea do estado de São Paulo poderá enfrentar grandes acumulados de chuva e deslizamentos de terra, já que o solo da região ainda continua saturado devido ao episódio recente de chuva extrema.
Para a terceira semana de março, entre os dias 13 e 20, as chuvas volumosas ficarão concentradas na porção central e leste do Brasil. O alerta para essa semana vai principalmente para as regiões litorâneas da Bahia e do norte do Espírito Santo, pois poderão sofrer com chuvas muito volumosas em um curto período de tempo, o que geralmente provoca inundações repentinas.
Quais fatores climáticos indicam a ocorrência desses extremos de chuva?
Apesar de ser um horizonte distante para esse tipo de previsão e alerta, há alguns fatores climáticos que indicam que esses extremos de chuva são bem prováveis de acontecer. Um deles é a Oscilação de Madden-Julian (OMJ), que atualmente encontra-se inativa, mas os modelos indicam que no início de março ela começará a ficar ativa em sua fase 7 e ficará bem intensa em sua fase 8 entre a segunda e terceira semana do mês.
As fases 1 e 8 do ciclo da OMJ são as que têm maior influência no favorecimento de chuvas no centro-norte do Brasil. Diversos estudos climáticos já mostraram que muitos dos episódios de chuvas extremas em partes do Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil ocorrem durante essas duas fases da OMJ. Portanto, as chuvas previstas para a segunda e terceira semanas de março poderão ser potencializadas por esse forte sinal da OMJ.
Além da OMJ, temos um Atlântico Sul mais quente que o normal, na porção tropical, próxima a costa da região Nordeste e também próxima a costa das regiões Sudeste e Sul do Brasil. O Atlântico Sul já atua como uma importante fonte de umidade para os sistemas meteorológicos de precipitação no Brasil, quando ele está mais quente, ele aumenta o aporte de umidade para esses sistemas, potencializando as chuvas!
A ZCIT também pode ajudar a contribuir com as chuvas! Quando alinhada com a ZCAS, a OMJ nas fases 1 ou 8 e com o favorecimento das águas mais quentes do Atlântico Sul, a ZCIT também pode contribuir para um aumento no volume de chuvas, principalmente no Norte e Nordeste do Brasil. E isso também costuma ocorrer durante o mês de março, que é o mês que ela atinge sua posição mais ao sul do seu ciclo anual, ficando mais próxima do Brasil.