Número de queimadas em São Paulo atinge recorde após 14 anos devido à seca. Clima úmido pode realmente voltar em agosto?

O estado de São Paulo voltou a registrar um aumento expressivo no número de queimadas após ficar três com números em queda. Cenário pode mudar com a virada do mês?

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Número de queimadas bate recorde no Sudeste. São Paulo e Minas Gerais registram o maior número há mais de uma década.

Desde o começo do ano até agora, o Brasil registrou um número total de 51.609 focos de incêndios registrados em todo o território nacional. Segundo dados do INPE, o aumento é de 54% comparado ao mesmo período do ano passado.

O clima extremamente seco e quente dos últimos meses com certeza exerceu influência sobre esse aumento. Com a atuação do fenômeno El Niño que acarretou chuvas irregulares e diversas ondas de calor sobre o Brasil Central, o número de incêndios aumentou muito principalmente sobre o Sudeste.

No Sudeste o número de queimadas entre 1 de janeiro e 25 de julho havia caído significativamente entre os anos de 2022 e 2023, uma queda de 22% foi registrada pelo INPE. Porém, do ano passado para cá, neste mesmo período, o aumento foi de 78% com um total de 4.766 focos registrados na região. É um recorde desde 2010 na região.

Em São Paulo, o número de focos de queimadas chegou a 1.649 nessa última quinta-feira (25), e dentro deste período, é o maior número já registrado desde 2010, ou seja, demorou 14 anos para que São Paulo atingisse um número tão impactante assim de queimadas.

São Paulo e Minas Gerais em alerta

Como mencionado acima, já se passaram 14 anos desde que São Paulo registrou o maior número de queimadas entre 1 de janeiro e 25 de julho. Segundo o acompanhamento do INPE, o estado vinha inclusive registrando queda nos últimos 3 anos, mas com a influência do El Niño, a chuva se tornou escassa e o calor aumentou.

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Dados do Inpe mostram recorde batido no número de queimadas no período entre 1 de janeiro e 25 de julho. Maior número registrado nesse período aconteceu da última vez em 2010. Fonte de dados: INPE / Arte: Desenvolvimento

O gráfico acima mostra o número total de queimadas registrados no estado paulista, o recorde anterior registrado em 2010 era de 2.188 focos registrados. Em 2018, o pico chegou a 1.645, mas ainda assim, foi batido pela quantidade de incêndios registrados este ano.

O INPE faz o acompanhamento dos focos registrados diariamente, o que possibilita enxergarmos o real cenário com relação às secas, pois quanto menor a umidade disponível no solo, quanto mais seca a vegetação, e quanto mais calor, maiores são as chances de começar um incêndio, ainda que de maneira natural.

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Minas Gerais registra o maior número de focos de queimadas entre 1 de janeiro e 25 de julho desde 2007. Fonte de dados: INPE / Arte: desenvolvimento

A preocupação se estende por diversos estados que foram impactos pela estiagem prolongada. Aliás, no ranking nacional, o estado de Minas Gerais vem a frente de São Paulo no número de registros deste período com um total de 2.486 focos, um aumento de 49% comparado a 2023. Um recorde desde 2007.

Clima úmido pode realmente voltar em agosto?

As últimas simulações do modelo climático europeu ECMWF estavam bastante animadoras quanto a uma mudança expressiva de padrão com a virada do mês de julho para agosto, tudo embasado na mudança de fase de positiva para negativa da AAO como já mencionado em outros artigos da Meteored BR.

Porém, a última rodada mudou um pouco as expectativas sobre as chuvas abrangentes e um período úmido significativo sobre o Sudeste neste mês de agosto.

Com um possível rompimento do bloqueio atmosférico, um ciclone pode se formar e uma frente fria pode avançar nos próximos dias que marcarão a virada do mês. Apesar disso, como o mapa abaixo mostra, as pancadas ainda serão pontuais no Sudeste com o sistema passando de forma costeira.

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Com formação de ciclone e avanço de uma frente fria, julho pode terminar com pancadas irregulares sobre o leste do Sudeste.

As pancadas podem se espalhar pela faixa leste de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e leste de Minas Gerais até a terça-feira (31), mas de modo geral, espera-se uma chuva irregular e mal distribuída com maiores acumulados somente nas áreas em rosa do mapa. O volume pode chegar aos 50 milímetros em áreas mais próximas ao litoral principalmente em São Paulo.

Apesar dessa chuva que volta a atingir áreas do Sudeste, o clima seco e quente ainda não dará trégua sobre a maior parte da região, principalmente sobre o centro e oeste paulista, triângulo mineiro e noroeste de Minas.

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Modelo europeu muda cenário de umidade concentrada sobre boa parte do Sudeste, mas agosto vai chegar com cenário um pouco melhor comparado aos meses anteriores de extrema seca. Fonte: ECMWF

Nesse período entre 29 de julho e 5 de agosto, o ECMWF projeta chuvas somente nas áreas costeiras do Sudeste, ou seja, boa parte da região continuará com anomalia negativa de precipitação (áreas em laranja do mapa).

A boa notícia é que para o próximo período entre 5 e 12 de agosto, o modelo ainda mantém a tendência de umidade sobre boa parte do centro-sul do Brasil, mas diferente das últimas simulações que eram mais animadoras, a última rodada projetou a chuva um pouco mais para baixo, ou seja, a umidade não deve alcançar nem todo o estado de São Paulo, imagina Minas Gerais.

Apesar do ‘balde de água fria’ que esse artigo trás de certa forma, é válido ressaltar que é uma tendência climática e que pode mudar novamente, e além disso, comparado aos últimos meses, agosto chegará bem melhor no que se diz respeito a clima muito seco, isso pode aliviar a questão do aumento das queimadas, mas com certeza, ainda não será o suficiente para impedir que novos focos sejam registrados.