Número de queimadas no Brasil é alarmante com salto de 56% de 2023 para 2024. Clima seco e quente deve aumentar os focos
Em pouco mais de 5 meses, número de focos de queimadas no Brasil ultrapassa a marca de 24 mil. Número é alarmante e representa um aumento de 56% comparado ao ano passado.
Com as condições adversas do clima enfrentadas nesses pouco mais de 5 meses de 2024, o Brasil se destaca e ocupa a 2ª posição no ranking de queimadas monitorado pelo Inpe. Atrás apenas da Venezuela, o território brasileiro registrou entre 1º de janeiro e 4 de junho o total de 24.397 focos de queimadas.
Com esse número, estima-se um aumento de 56% comparado ao mesmo período do ano passado. Um dos fatores causadores desses incêndios é, claro, a seca e o calor acima do normal, cenário que toma conta de grande parte do Brasil nos últimos meses.
Além do Rio Grande do Sul, apenas cinco outros estados registraram um número menor de queimadas nesse mesmo período do ano anterior: Amapá, Sergipe, Paraíba, Santa Catarina e Bahia, assim que esse último tenha registrado uma queda de apenas 1%.
O único estado que manteve seu quadro de queimadas bem parecido com o ano anterior foi Maranhão que não mostrou dados nem de aumento nem de queda. De janeiro até agora foram registrados cerca de 1.341 focos.
Aumento das queimadas no Brasil
Todos os demais estados e o Distrito Federal vem registrando um aumento no número de registro de incêndios. O maior salto foi registrado em dois estados, Roraima com 266% (um total de 4.623 incêndios em 2024) e o Rio de Janeiro com 263% (um total de 167 incêndios).
Apesar do número expressivo e desse salto de 266% comparado ao ano passado, Roraima ocupa apenas o 2° lugar no ranking nacional, ficando atrás de Mato Grosso que voltou ao topo após meses de seca e temperaturas acima do normal, influência do fenômeno El Niño.
O estado mato-grossense registrou até ontem, terça-feira (04), um total de 6.343 focos de incêndio, o que representa 26% do total de queimadas brasileiras e um aumento de 67% comparado ao ano passado.
Falando de focos registrados por bioma, a Amazônia vem em primeiro lugar com um registro de 10.843 focos de janeiro até agora, e depois vem o Cerrado com 8.525 focos. Somente esses dois biomas, representam mais de 79% das queimadas registradas no Brasil.
Clima seco e quente vai continuar?
O El Niño enfim foi embora e entramos em um período neutro no Pacífico Equatorial, porém, as mudanças para um futuro La Niña ainda vão acontecer de maneira gradual, o que impulsionaria as chuvas para o centro-norte do país.
Por enquanto, o cenário de secas vai persistir sobre a maior parte do país a curto, médio e longo prazo também. Acima temos a projeção de chuvas previstas até a próxima segunda-feira (10).
Por um lado, muita chuva é esperada em Roraima por conta da ZCIT, o que gera um aumento da umidade e redução do risco de queimadas no estado. Por outro lado, no entanto, padrão de bloqueio de novo na porção central do país, Mato Grosso por exemplo, vai continuar completamente seco.
Se formos um pouquinho mais a frente fria, avaliamos a anomalia de precipitação no período entre 10 e 17 de junho, a qual mostra que nenhuma mudança significativa vai acontecer até lá. O cenário de secas será a grande realidade de quase todo o Brasil.
Aliado a falta de chuva, outro fator preocupante é o calor acima do normal nesse mesmo período. A tendência é que veranicos ocorram com frequência em pleno final do outono e chegada do inverno que acontecerá no dia 20 de junho.
No mapa acima é possível observar uma projeção de altas temperaturas com o avanço de uma onda de calor desde o Rio Grande do Sul até o sudoeste de Mato Grosso. Nesse período é muito provável que haja aumento das queimadas devido ao solo seco e a vegetação também bastante seca.