Número de queimadas no Brasil é o maior em 14 anos: padrão climático de setembro tende a piorar o cenário
O número de queimadas já ultrapassou a marca de 107 mil no Brasil, sendo o maior número desde 2010 quando chegou a 121mil. Padrão de secas pode aumentar o recorde já em setembro.
Com o padrão de secas instalado no Brasil nos últimos meses, o número de queimadas aumentou significativamente e vem quebrando recordes comparado a anos anteriores.
Mesmo que seja comum a diminuição das chuvas no outono e inverno, padrões de bloqueios atmosféricos e ondas de calor têm piorado a situação das secas que já chamam a atenção neste período.
Comparado ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 75% em todo o território nacional, em números isso significa que em 2024 houve 45.969 focos a mais que 2023. O problema é que além do recorde, o período seco ainda não acabou e isso pode aumentar em números e em danos.
O padrão de seca e calor dos últimos meses
Desde o último período úmido, o país vem enfrentando meses consecutivos com chuvas abaixo da média e calor acima do normal. No ano passado teve influência do El Niño que gerou temperaturas mais elevadas e seca no Sudeste e no Centro-Oeste, assim como áreas do Norte e Nordeste.
Depois veio a neutralidade climática com expectativa de chegada de um La Niña nesse ano, o que até então reduziria o calor no Brasil central e ajudaria no período úmido também. Mas isso não aconteceu, o La Niña não chegou e provavelmente nem chegue nos próximos meses.
Esse padrão de chuvas escassas foi somado com intensas e frequentes ondas de calor que chamaram a atenção durante praticamente todo esse ano na maior parte do país, uma combinação perfeita para as queimadas, isso porque o solo está seco, a vegetação está seca, pastos, florestas e plantações estão pegando fogo.
O número de queimadas no Brasil
Como mencionado acima o número total de focos de incêndios registrados disparou do ano passado para cá, e quando olhamos a longo prazo, o número alcançado este ano é ainda mais assustador, porque o Brasil não chegava a esse patamar desde 2010.
A Amazônia e o Cerrado representam juntos mais de 79% dos focos registrados até o momento, são biomas que têm sido muito afetados pelas chuvas irregulares, escassas e pelo calor acima do normal. Além desses, tem a Mata Atlântica e o Pantanal que vem sofrendo junto.
No último fim de semana, cidades no interior do Brasil foram tomadas por uma grande quantidade de fumaça, o céu ficou vermelho, houve ‘chuva de terra’. A grande quantidade de fumaça vem das queimadas desenfreadas de várias partes do país, um cenário que traz preocupações para a saúde humana e animal.
Falando de estados, o número 1 no ranking nacional de queimadas feito pelo INPE continua sendo Mato Grosso com um total de 20.725 focos registrados. Em seguida, vem Pará, Amazonas, Mato Grosso do Sul e Tocantins para fechar os 5 estados com maior registro de incêndios.
Setembro seco pode agravar situação
Com a aproximação da primavera é gerada uma expectativa de que o período seco está chegando ao fim, porém, o período úmido pode atrasar este ano, em que as primeiras chuvas não estão previstas para setembro e sim para o fim de outubro.
O modelo de confiança na Meteored, o europeu ECMWF aposta nesse atraso do período úmido, onde a tendência é de chuvas abaixo da média tanto nesses últimos dias de agosto, como nas primeiras semanas de setembro.
Por mais que exista uma possibilidade de melhora na segunda quinzena de setembro, a chuva ainda não virá de maneira regular, bem distribuída e duradoura. Na média, o mês deve fechar com anomalia negativa em quase todo o Brasil.
Isso abre margens para outras ondas de calor que aumentam os riscos de incêndios. O mapa acima mostra que existe possibilidade para uma nova onda logo no comecinho de setembro, em que desvios de temperatura podem chegar até 7°C acima do normal sobre as áreas em vermelho.