O clima de Outubro e a mudança de padrão
O mês mais delicado e complicado de prever da primavera chegou! Com uma atmosfera não respondendo aos principais fatores climáticos, as incertezas são muito grandes para o Outubro. Saiba como será o inicio do período úmido.
A primavera representa a transição do período seco para o período úmido no Brasil, sendo o Outubro o mês quando ocorre essa transição, com chuvas podendo começar tanto no seu início, quanto mais para o seu final. Essa característica é um dos fatores que contribui para a diminuição da previsibilidade.
Em Outubro, as chuvas passam a se espalhar do noroeste do país para a porção central em direção ao Sudeste, com chuvas frequentes no Centro-Sul, onde é muito comum ocorrerem fortes tempestades, como os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCMs), potencializadas pelo forte contraste térmico entre as massas de ar quente do Centro-Sul e as eventuais massas de ar frio, que conseguem avançar pela Região Sul, com o acréscimo do escoamento em 850 hpa que contribui para o transporte de calor e principalmente de umidade da porção amazônica.
Em relação às temperaturas, as máximas já conseguem atingir valores bastantes elevados dependo das circunstâncias, como foi observado ontem (01) em boa parte do país. No entanto, a incursão de massas de ar frio intensas ainda podem ocorrer proporcionando mínimas abaixo dos 8°C.
Fatores climáticos: Oscilação Antártica (AAO) e Oscilção de Madden-Julian (MJO)
Para este ano, os fatores climático que ajudam a traçar uma tendência para as próximas semana não estão sendo influentes neste período, dificultando a previsibilidade e proporcionado uma oscilação maior dos modelos, o que já é um condição normal durante a primavera.
Ao analisar o comportamento da AAO, não conseguimos correlacionar com o padrão atual, que deu início há 10 dias. Com uma forte tendência negativa, se espera que haja um avanço de frente frias e de massas de ar frio pelo Centro-Sul, no entanto, o que foi observado foi uma continuidade do padrão seco e um aumento das temperaturas. O mesmo ocorre com a MJO, que se mantém em neutralidade com pulsos pouco significativos de ascendência e subsidência.
Há indícios de que a longa atuação de uma alta pressão sobre o Brasil Central, que vem proporcionando um cenário de bloqueio, esteja associada com condições de precipitação na Índia e outro de irregularidade nas proximidade do sudeste asiático. No entanto, essa influência ainda deve ser bem estudada, pois pode ter correlação com a forte seca na Califórnia e com a propagação da MJO.
O que os modelos nos dizem sobre a precipitação
O modelo climático CFSv2 vem “insistindo” sobre o padrão de bloqueio durante a primeira semana de Outubro, com chuvas expressivas ocorrendo somente no Rio Grande do Sul e no extremo norte do país, sendo que no território gaúcho há potencial para volumes elevados que podem causar transtornos. Já na Região Norte, as chuvas ocorrem na forma de pancadas isoladas.
Para a segunda semana, está prevista a quebra do bloqueio atmosférico, proporcionando o retorno da umidade para o Brasil Central. As chuvas devem ocorrer de forma mais isolada, porém mais abrangentes nas áreas mais próximas do leste do Sudeste e da Região Sul. Por outro lado, os modelos tendem a subestimar as chuvas da primavera e volumes mais elevados que o previsto podem ocorrer.
Já à segunda quinzena, o padrão mais úmido se estabelece gradativamente, com chuvas ocorrendo em boa parte do país, sendo mais volumosas e abrangente no Centro-Sul. O padrão ainda isolada, pode ser interpretado através das anomalias abaixo da média no Brasil Central.
De qualquer forma, a principal mensagem que deve ser retirada deste cenário é que as chuvas retornam para o Centro-Oeste e Sudeste de forma gradativa, semana a semana, com estabelecimento da estação chuvosa por volta da última semana de Outubro e início de Novembro, com volumes podendo ocorrer acima do previsto.