O clima em Maio, Junho e Julho no Nordeste: Será que as chuvas volumosas vão continuar?
Enfraquecimento do El Niño e águas mais quentes do Atlântico Tropical proporcionam condições otimistas no regime de chuvas do Nordeste, entre Maio-Junho-Julho.
Eventos de precipitação tem ocorrido de maneira bem localizadas na porção costeira da região Nordeste, proporcionando um excesso de umidade e calor disponível na atmosfera, o que pode ser preocupante devido ao potencial de provocar transtornos relacionados a alagamentos e inundações.
Por exemplo, em alguns municípios do estado da Bahia, entre segunda (15) e terça-feira (16), os acumulados de chuva ultrapassaram os 100 mm, como havíamos previsto. A cidade de Itabuna registrou 127 mm em 24 horas Em Pernambuco, o acumulado chegou a quase 90 mm no município de Ipojuca. Tais condições de chuvas são explicadas pela Temperatura de Superfície do Mar (TSM) do Atlântico Tropical.
El Niño sai de cena e o Atlântico Tropical vira protagonista!
O regime de precipitação na faixa costeira do Nordeste está relacionada com a intensa atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), muito influenciada pelo aquecimento das águas do Atlântico Tropical.
Com o Oceano Atlântico mais aquecido, sistemas como frentes frias e a ZCIT ganham mais força, se tornam mais persistentes e geram um maior potencial para eventos extremos de chuva. Atualmente, a anomalia de TSM do Atlântico próximo a costa do Nordeste é cerca de 2°C acima do normal.
Além disso, o posicionamento mais ao sul da ZCIT, bem como a manutenção da umidade disponível na atmosfera, é favorecido pelas condições mais quentes do Atlântico, principalmente na porção norte e leste da região Nordeste.
Para o mês de abril, o modelo indica a permanência das águas mais quentes no Atlântico Tropical e anomalias caminhando para a neutralidade no Pacífico. Este panorama contribui para ocorrência de precipitação acima da média no Nordeste. Mas qual será a tendência para o próximo trimestre de Maio, Junho e Julho?
Atlântico Tropical continua aquecido! E a La Niña, vem aí?
Durante o outono austral espera-se o surgimento de anomalias negativas de TSM no leste do Pacífico Tropical, devido ao surgimento de águas mais frias vindas da subsuperficie do oceano. Mas isto não é suficiente para iniciar o evento de La Niña, pois são necessários meses de persistência desse padrão de anomalias.
De acordo com o prognóstico da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA - sigla em inglês), devemos registrar uma transição de El Niño para a neutralidade entre Abril e Junho, e uma La Niña tende a se formar entre os meses de Junho e Agosto, no período do inverno austral. É válido frisar que a La Niña deverá se desenvolver de fato entre o inverno e o início da primavera austral.
Em relação ao Atlântico Tropical, a tendência é de permanência de anomalias positivas de TSM, ou seja, águas mais quentes que potencializam a formação de chuvas significativas na região Nordeste do país. Dessa maneira, a manutenção da umidade disponível na atmosfera proporciona a organização de chuvas na região, principalmente na porção costeira.
Modelo prevê a manutenção das chuvas no Nordeste
Climatologicamente falando, os meses de Maio-Junho-Julho são caracterizados por baixos acumulados de chuva na porção norte da região Nordeste, entre os estados do Maranhão, Piauí, Ceará e parte do Rio Grande do Norte. Por outro lado, o trimestre é marcado por chuvas significativas na porção leste da região, desde o Rio Grande do Norte até o norte da Bahia. O prognóstico para o próximo trimestre traz bons cenários, o que possibilita a segurança hídrica da região.
Segundo o modelo de confiança da Meteored Brasil, o ECMWF, o trimestre Maio-Junho-Julho será marcado por anomalias positivas de precipitação na faixa costeira norte do Nordeste. Assim, são esperadas chuvas acima da média entre o litoral do Maranhão e Piauí, bem como no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, incluindo o interior destes estados. O cenário será parecido na porção nordeste da Bahia, com chuvas próximas ou acima da média para o período.
Vale lembrar que essas previsões, podem apresentar incertezas e apresentarem mudanças em rodadas futuras do modelos. Mas, como de costume, seguiremos atentos às atualizações dos modelos, trazendo aqui novidades a respeito das previsões para as próximas semanas!