O clima em setembro: o professor Luiz Felippe Gozzo nos conta como será a distribuição das chuvas pelo Brasil
Já sabemos que uma forte onda de calor vai ocorrer no Brasil Central na primeira quinzena de setembro, com pouquíssima ou nenhuma chuva em várias áreas.
Mas o que nos espera na segunda quinzena do mês? E quanto às outra regiões do país, como e onde deve se concentrar a precipitação?
Setembro é, climatologicamente, o mês que fecha a estação seca no Brasil Central (região Centro-Oeste e grande parte da região Sudeste) e também fecha a estação chuvosa do leste do Nordeste. Em média, nos estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins começa o retorno gradual das chuvas, embora ainda bastante irregulares - elas vão se estabelecer mais fortemente a partir de outubro. Ao mesmo tempo, a faixa leste do Nordeste, ou seja, as regiões litorâneas desde o norte da Bahia até o Rio Grande do Norte, veem uma diminuição significativa da chuva que costuma ser abundante entre maio e setembro.
As chuvas também retornam com maior frequência e intensidade ao oeste do Amazonas, e o Sul do Brasil tem um aumento na área e intensidade das chuvas em relação a agosto, devido à intensificação do Jato de Baixos Níveis (corredor de ventos que traz umidade da região Amazônica para o sul do país) e à formação mais frequente de ciclones extratropicais no Atlântico.
O cenário descrito nos parágrafos acima, e ilustrado na figura, é a climatologia de setembro, baseada no comportamento médio da chuva calculado entre os anos de 1991 e 2020 (o que chamamos em meteorologia de "normal climatológica"). Porém, cada ano tem suas particularidades, com regiões que recebem mais ou menos chuva do que é esperado segundo a média climatológica. A essa variação, absolutamente normal dentro da atmosfera, damos o nome de "variabilidade climática".
No caso de setembro de 2024, os modelos climáticos mostram que teremos um mês mais seco do que a média em praticamente todo o Brasil. As chuvas devem ficar próximas do esperado para o mês de setembro apenas no oeste da Amazônia e em regiões do leste do Nordeste. Em todas as demais áreas, anomalias negativas são esperadas.
Confira o comportamento das chuvas ao longo do mês, semana a semana
Na primeira semana de setembro, entre os dias 02 e 09, um forte sistema de alta pressão irá atuar sobre grande parte do Brasil, provocando fortes anomalias negativas de chuva. Paraná, Rondônia, sul de São Paulo e leste do Amazonas terão os maiores desvios negativos. Já na costa do Nordeste, entre Bahia e Alagoas, deve chover acima da média.
Na segunda semana, entre 09 e 16 de setembro, o Brasil central segue sob influência da alta pressão que além de inibir a chuva também causa forte onda de calor. As chuvas no leste do Nordeste continuam de normais a acima da média, com os maiores acumulados entre o norte da Bahia e Sergipe. No Sul do país, a precipitação fica dentro do esperado para o período entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com destaque para maiores acumulados no extremo sul do estado gaúcho.
Na terceira semana de setembro, entre os dias 16 e 23, uma grande mudança de padrão acontece em quase todo o Brasil. Grande parte das regiões Norte e Centro-Oeste voltam a ter chuva mais volumosa, e no Sul os acumulados ficam cima da média no leste do Rio Grande do Sul, enquanto no leste nordestino a chuva diminui um pouco. O estado de São Paulo também terá chuva mais consistente durante esta semana, embora Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo ainda mantenham a anomalia negativa.
Na última semana do mês, de 23 a 30 de setembro, quase todo o Brasil terá chuva dentro da média, com exceção do litoral do Nordeste (tanto a faixa leste quanto o norte, incluindo Ceará e Maranhão) e da parte mais a leste da região Norte (Amapá, norte do Pará e leste do Amazonas).
Devemos entrar no mês de outubro com chuvas mais distribuídas e frequentes em todo o país. Ainda não teremos grandes acumulados, pois a estação chuvosa do Brasil Central só se estabelece a partir do meio-final do décimo mês do ano, mas no final de setembro já devemos ter um certo alívio das condições extremamente secas.