O clima na primeira quinzena de Junho no Brasil: será que o clima de inverno chegou para ficar?
A tendência para a primeira quinzena de junho é de acumulados de chuva mais baixos que o normal e temperaturas mais quentes que a média, mas há regiões onde o clima será diferente.
Em Junho, o Brasil entrará na estação menos chuvosa do ano. No final do mês, dia 20 de Junho, começa oficialmente o inverno - um período tipicamente frio e seco na maior parte do país. Com isso, espera-se uma redução das chuvas e das temperaturas especialmente no centro-sul do país.
No entanto, visto que houve tantos extremos climáticos nos últimos meses - desde ondas de calor até enchentes severas - será que este padrão realmente será observado durante o mês? Para descobrir como fica a primeira quinzena de Junho, vamos analisar juntos alguns dos principais fenômenos climáticos e suas previsões.
Oscilação Antártica
A Oscilação Antártica (abreviada como AAO) é um índice capaz de traçar panoramas climáticos para o centro-sul do país com previsibilidade de cerca de duas semanas. Num geral, tendências e/ou valores negativos favorecem a atuação de sistemas de precipitação, principalmente na Região Sul.
É possível perceber que o mês de Junho se inicia com a AAO em valores negativos, o que favorece o avanço de sistemas transientes, como frentes frias. No entanto, muito em breve o índice deve subir, migrando para valores positivos.
Isso se traduz numa dificuldade maior de frentes frias avançarem pelo Sul e pelo Sudeste, ocasionando um tempo mais seco e temperaturas mais altas especialmente a partir da segunda semana do mês de Junho.
Oscilação de Madden-Julian
A Oscilação de Madden Julian (OMJ), por sua vez, é capaz de potencializar ou inibir eventos de precipitação no Norte e Nordeste do Brasil, favorecendo movimentos de ascendência do ar (que ajudam a formar tempestades e deixar o clima chuvoso) ou subsidência (que inibem a formação de chuva e deixam o tempo mais seco).
É possível observar que, nas próximas semanas, a circulação associada à OMJ vai causar anomalias que envolvem grande parte do país, dificultando a formação de chuva na primeira quinzena de Junho e contribuindo para deixar o tempo mais seco especialmente na porção central do país.
Há, no entanto, outros sistemas locais atuando - como a Zona de Convergência Intertropical e os ventos de leste, que transportam umidade para o continente. Estes sistemas ainda auxiliam na formação de precipitações volumosas no extremo norte do Brasil e na região litorânea do Nordeste.
Anomalias de chuva para a primeira quinzena de Junho
Esses comportamentos se refletem nas anomalias previstas pelo modelo numérico do ECMWF para a primeira quinzena de Junho. É possível notar que há anomalias positivas de chuva justamente nas regiões mencionadas - tanto no extremo norte quanto no litoral do Nordeste, o que significa que os acumulados de chuva serão maiores do que o normal.
No entanto, em todo o resto do país, a previsão é de que os acumulados de chuva se mantenham abaixo do normal. O sinal é particularmente visível no Sul e sugere que, mesmo com a entrada ocasional de frentes, as chuvas na região não serão volumosas.
Isso indica que o mês de Junho trará o fim a um longo período de chuvas intensas que causaram enchentes e alagamentos severos ao Rio Grande do Sul. Com essa situação, o Estado poderá finalmente trabalhar para se recuperar dos danos.
Anomalias de temperatura para a primeira quinzena de Junho
Outra coisa interessante de se notar é que, para a maior parte do país, as temperaturas vão continuar mais altas do que o normal para essa época do ano, com anomalias positivas especialmente intensas na região Sul.
Isso sugere também que as frentes frias não avançarão com força pelo país. Ainda há, claro, a possibilidade de quedas de temperatura ocasionais, mas na média, o clima vai se manter mais quente do que o normal durante a primeira quinzena de Junho.
Há apenas sinais de temperatura dentro ou levemente abaixo da média numa porção central do país que envolve as regiões Nordeste e parte do Centro-Oeste, que tende a se dissipar conforme o mês de Junho avança.
Como as previsões de longo prazo representam tendências regionais, elas podem mudar especialmente de município para município. Por isso, não deixe de acompanhar as atualizações e as previsões específicas para sua cidade aqui no site da Meteored | Tempo.com.