O clima na primeira quinzena de Setembro: onda de calor extremo e estiagem generalizada atingem todo o Brasil
Previsões indicam que há condições para formação de ondas de calor mais intensas do que as registradas durante o inverno, associadas a um clima extremamente seco que atingirá a maior parte do território brasileiro.
Após a passagem da última frente fria, a chegada de uma massa de ar frio e seco ocasionou a formação de temperaturas excepcionalmente baixas no centro-sul do país. Temperaturas negativas foram registradas tanto na região Sul quando no Sudeste, especialmente em São Paulo, além de formação generalizada de geadas em diversos municípios.
Após essa onda de frio intensa, no entanto, a previsão é que o tempo seco volte a predominar na maior parte do país. E, com o retorno do tempo firme, espera-se também que as temperaturas subam novamente, trazendo uma condição de calor acima do normal para o mês de setembro.
Calor e tempo seco retornam em Setembro
Ao longo da primeira quinzena de Setembro, espera-se que uma região de alta pressão se estabeleça sobre o Brasil de maneira prolongada, criando um bloqueio atmosférico. Esse bloqueio impede a passagem de sistemas meteorológicos que poderiam formar chuva, resultando em um período de tempo seco e estável.
Esse cenário é impulsionado ainda pela Oscilação de Madden Julian (OMJ), capaz de potencializar ou inibir eventos de precipitação no centro-norte do país. Modelos numéricos de previsão indicam condições de convergência em altos níveis associados à OMJ capazes de inibir fortemente as chuvas e potencializar o clima seco na primeira quinzena de Setembro.
Estas condições estão alinhadas com as previsões numéricas do modelo europeu ECMWF, que prevê anomalias de precipitação negativas para praticamente todo o país durante as primeiras semanas de Setembro. Isso significa que há condições para formação de estiagem ao longo deste período, especialmente nas regiões Sul e Norte do país.
Além disso, os sistemas como um todo também evitam o avanço de ar frio, mantendo as temperaturas elevadas no país. Essa situação pode levar à formação de uma onda de calor, definida por períodos prolongados (geralmente de três dias ou mais) em que as temperaturas permanecem muito acima do normal, superando a média histórica em cerca de 5°C.
Estas condições também estão alinhadas com as previsões numéricas do modelo europeu ECMWF, que prevê temperaturas até 6 graus mais quentes que o normal em grande parte do país, incluindo as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte, durante a primeira quinzena de Setembro. Isso sinaliza a possibilidade de uma onda de calor até mais intensa do que as registradas durante o período de Inverno.
A exceção, como pode ser observado nos mapas anteriores, é a região Nordeste. Chuvas e nebulosidade continuarão se formando ao longo das próximas semanas em diversos municípios próximos ao litoral leste, mantendo condições de clima mais chuvoso e temperaturas amenas em boa parte da região.
Outra exceção é uma parte do Rio Grande do Sul, na região próxima da divisa com o Uruguai, onde chuvas podem se formar de maneira mais frequente a partir da segunda semana de Setembro.
Essa onda de calor e a seca generalizada podem intensificar significativamente as condições para a ocorrência de queimadas e incêndios florestais no Brasil, deixando a vegetação mais seca, reduzindo a umidade do solo e criando assim um ambiente propício para a propagação rápida do fogo. Essa é uma péssima notícia, levando em consideração que o país bateu recordes de incêndios florestais em Agosto.
Além disso, a combinação de altas temperaturas e seca prolongada pode causar estresse hídrico no solo e nas plantações, afetando ainda as fontes de água disponíveis para a fauna local e para o abastecimento humano.
Isso pode levar não só a uma redução na produtividade agrícola, como também à falta de água para consumo humano em alguns municípios e a morte de diversas espécies em biomas como o Pantanal, especialmente quando associada à ocorrência de queimadas generalizadas.