O clima no Brasil na segunda quinzena de janeiro
Nas próximas semanas, previsões indicam que o cenário climático atual pode, de certa maneira, se inverter: Enquanto as chuvas no centro-norte do país perdem intensidade, o tempo volta a ficar chuvoso no Sul do Brasil.
Ao longo dos últimos dias, tempestades intensas e altos acumulados de chuva estão se formando em praticamente todo o centro-norte do país - diversos Estados registraram acumulados acima dos 250 mm de chuva nos primeiros 14 dias de Janeiro. A pergunta que fica, no entanto, é: Até quando essas chuvas persistirão?
Para tentar responder a essa questão, e também para analisar como o clima se comportará no sul do país, vamos analisar juntos as oscilações meteorológicas que estão afetando o clima no país e entender quais mudanças estão previstas para a segunda quinzena de Janeiro.
Oscilação de Madden-Julian
A Oscilação de Madden Julian (OMJ) é um fenômeno capaz de potencializar ou inibir eventos de precipitação no Norte e Nordeste do Brasil, favorecendo movimentos de ascendência do ar (que tornam o clima mais chuvoso) ou subsidência (que o tornam mais seco).
É possível observar que, nas próximas semanas, a circulação associada à OMJ vai impulsionar a formação de chuvas especialmente na região Nordeste e também em parte da região Norte, tendência que se mantém constante ao longo de todo o mês no litoral norte do Brasil.
No entanto, aos poucos, as previsões indicam que a oscilação migrará para uma fase de menor intensidade até o final de Janeiro, chegando inclusive a inibir as chuvas entre o Sudeste e parte do Nordeste na última semana do mês, como é possível perceber pelas cores amarelas e vermelhas do mapa acima.
Oscilação Antártica
Já a Oscilação Antártica (abreviada como AAO) é um índice capaz de traçar panoramas climáticos para o centro-sul do país com previsibilidade de cerca de duas semanas. Tendências e/ou valores negativos favorecem a atuação de sistemas de precipitação, principalmente na Região Sul.
É possível perceber que a tendência da AAO é se manter predominantemente negativo e transitar para valores mais neutros no fim do mês. Na prática, isso significa que, neste momento, a oscilação favorece a passagem de sistemas transientes, como frentes frias, impulsionando a formação de chuvas.
No entanto, com o posicionamento estacionário da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) mais ao norte, as chuvas não estão se formando de maneira regular no Sul, muitas vezes passando rápido pela região e resultando em acumulados mais baixos.
Essa situação pode mudar até o final do mês, com a transição da AAO para valores neutros e um deslocamento da faixa de precipitação para sul, que deve voltar a ocasionar acumulados mais expressivos de chuva na porção Sul do país.
Anomalias de chuva para a segunda quinzena de Janeiro
Observando as tendências previstas pelo modelo de confiança da Meteored, o europeu ECMWF, percebemos um comportamento que se alinha com a previsão das oscilações descritas acima. Até o dia 20, existe uma tendência de chuvas muito intensas e frequentes no Nordeste e em grande parte do Norte, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
No entanto, entre os dias 20 e 27, essas chuvas perdem a intensidade. Embora os acumulados continuem significativos no litoral norte, uma grande faixa do país envolvendo as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste passará a registrar chuvas mais escassas.
No sul do país, por outro lado, observamos uma tendência contrária: No início do período há uma tendência de acumulados abaixo da média, o que se traduz em menos chuvas do que o normal; mas até o fim do mês, essas anomalias transitam para território neutro ou positivo, sinalizando um retorno de chuvas mais frequentes.
Anomalias de temperatura para o fim de Janeiro
Essa tendência se reflete também nas previsões de temperatura. Até o dia 20, as temperaturas se mantém abaixo da média em praticamente todo o centro-norte do país, graças à alta nebulosidade que impede a chegada da radiação solar à superfície.
Entre os dias 20 e 27, no entanto, com a redução da intensidade das chuvas, as nuvens também se dissipam e as temperaturas no Brasil voltam para patamares acima da média - exceto no litoral norte, onde as chuvas continuarão. Em outras palavras, no final de Janeiro o calor retornará para diversos estados brasileiros.
Vale notar que, como as previsões de longo prazo representam tendências regionais, elas podem variar bastante em escalas locais, de município para município. Por isso, não deixe de acompanhar as atualizações e as previsões específicas para sua cidade aqui no site da Meteored | Tempo.com.