O que esperar do clima para Janeiro de 2021?
Mesmo com a presença de uma La Niña, outro fatores climáticos proporcionam muita influência no clima de Janeiro de 2021. Confira a discussão em cima desses fatores e o padrão resultante dessas influências.
Antes de apresentar a tendência climática para o mês de Janeiro é preciso ter em mente a distribuição da precipitação e a intensidade das temperaturas. Os mapas abaixo mostram a climatologia de precipitação e da temperatura máxima referente ao período 1981-2010 do INMET.
Para Janeiro, o padrão de distribuição das chuvas se mantém praticamente o mesmo em relação ao mês de Dezembro, com maiores volumes concentrados no eixo noroeste-sudeste, atingindo boa parte das regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.
Em relação às temperaturas, não há grandes novidades. Por conta da ocorrência da maior taxa de precipitação as máximas não atingem patamares tão elevados quanto são observados na primavera, no entanto, o calor se faz presente, principalmente em parte do Nordeste, onde as chuvas são menos frequentes.
Fatores climáticos influentes no mês de Janeiro
Os principais fatores climáticos que influenciam o país nesta época do ano são as condições de temperatura da região do Pacífico Equatorial, que no momento caracterizam o fenômeno La Niña, bem como do oceano Atlântico Sul, e as oscilações Antártica (AAO), ou Modo Anular Sul (SAM), e de Madden-Julian (MJO).
Antes é preciso entender que quando há Lá Niña, não há subsidência, ar descendente, sobre o Nordeste e, principalmente sobre as médias latitudes, proporcionando uma liberdade maior ao avanço dos sistemas transientes pelo país, sendo o Oceano Atlântico o modulador locacional da atuação desses sistemas. Em uma condição contrária, sob uma condição de El Niño, a subsidência dificulta avanço dos transientes, resultando em chuvas mais concentradas na Região Sul, bem como o desenvolvimento de instabilidades no Nordeste e norte do Sudeste.
Para Janeiro, ao se observar as águas do Atlântico Sul, é notável as anomalias bastante positivas na sua porção centro-sul, o que proporciona uma condição favorável ao desenvolvimento de baixas pressões e o estabelecimento de sistemas frontais nessa região, resultando em uma maior taxa de precipitação no Centro-Sul do país.
No entanto, o fator modulador da frequência dos sistema transientes de precipitação é o SAM, que ao longo do mês possui uma tendência negativa em índice positivo, e portanto uma manutenção da influência desses sistemas no país.
Por outro lado, a MJO nos estabelece uma condição de efetividade das chuvas. Pelo diagrama de fases, a oscilação passa a atuar na fase 2 ao longo dos primeiros 10 dias, resultando em uma condição favorável às chuvas no Centro-Norte. Já em meados do mês, há grande chance de estarem sob as fases 3 e 4, que desfavorecem a precipitação nessa porção do país, proporcionando uma concentração das chuvas mais para o Sul.
O padrão médio de anomalias para Janeiro
O modelo CFSv2 mostra um cenário coerente, até o momento, ao que se espera do conjunto de influências dos fatores climáticos. O mapa de anomalias de precipitação destacam uma condição acima da média para o Centro-Leste e parte do Sul do país, proporcionada justamente pela combinação das águas mais aquecidas do Atlântico e da tendência negativa do SAM.
No entanto, uma influência da MJO pode resultar em uma irregularidade da precipitação no Centro-Oeste, Nordeste, porção centro-leste da Região Norte e, eventualmente no centro-norte do Sudeste, o que ressalta o acompanhamento desta componente ao longo do mês.
A possibilidade da irregularidade das chuvas está evidenciada nas temperaturas acima da média na porção central do país. Já na faixa leste, desde o nordeste do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo, as temperaturas ficam dentro ou abaixo da média, devido à frequência maior de chuvas ao longo do mês.