O que esperar para o mês de Junho? Seria mais frio e úmido?
As projeções para o mês de junho estão mais otimistas em relação à precipitação para o Centro-Sul e para o frio na Região Sul. Esse cenário está coerente? Quais fatores estão influenciando?
Apesar de as primeiras massas de ar frio mais intensas já ocorrerem entre abril e maio, junho representa o primeiro mês do inverno, quando ocorrem um maior frequência do avanço de sistema frontais e massas de ar polar, proporcionando aumento da precipitação o estado do Rio Grande do Sul e parte dos estados de Santa Catarina e do Paraná, bem como a diminuição das temperaturas em todo o Centro-Sul, com eventos mais intensos, quando o ar frio chega até a Região Norte.
Mas o que os principais fatores climáticos nos trazem de expectativas para este ano? Será que as chuvas voltam a ser frequentes? E quanto ao frio? Vamos ver a seguir
Modo Anular Sul (SAM), Oceano Atlântico Sul (TSMA) e Oscilação de Madden-Julian
A escala de tempo semanal e mensal, a TSMA e as oscilações de MJO e SAM são as que possuem maior influência nos padrões de distribuição de precipitação na América do Sul. Além disso, já se pode considerar que o La Niña não exerce mais influência.
Nos próximos dias, o SAM entra em uma tendência positiva, caminhando para um comportamento médio neutro e ligeiramente positivo até o fim do mês. Essa projeção representa que os sistemas frontais e baixas pressões, que são responsáveis pela precipitação, continuarão a passar com certa frequência trazendo uma expectativa de chuvas dentro da média para a Região Sul.
No entanto, por se tratar de uma projeção média, principalmente a partir da segunda semana, os vários membros de previsão (linhas cinzas) mostram um comportamento oscilatório atuando mais em valores positivos, reforçando a ideia de que os sistema não terão grande amplitude, com maior probabilidade de atuação sobre o Rio Grande do Sul ou até mesmo mais ao sul, sobre o Uruguai e Argentina.
Outro fator importante é a TSMA, que se mostra mais aquecida no norte e nordeste e ligeiramente mais fria no sul Assim, se espera mais umidade para o extremo norte do país e leste da Região Nordeste. Já para o Centro-Sul, as águas mais frias podem contribuir para a diminuição do potencial de precipitação, funcionando como um contraponto aos efeitos do SAM. Essa mesma condição facilita o deslocamento dos sistema frontais até o Sudeste.
Em relação à MJO, nesta época do ano exerce pouca influência e as projeções apontam para um comportamento mais neutro, podendo atuar na fase 6 na primeira semana do mês com pouca intensidade e sem proporcionar impactos relevantes.
Anomalias de precipitação e temperatura do modelo CFSv2
Depois de analisar os principais fatores influentes do padrão climático para o mês de junho no item anterior, é possível fazer o devido julgamento da distribuição da precipitação e da temperatura do modelo CFSv2, analisando os mapas abaixo de anomalia dessas duas variáveis.
No mapa referente às anomalias de precipitação, o destaque fica para as chuvas acima da média em praticamente todo o Centro-Sul, com maior volume anômalo para o leste da Região Sul e de São Paulo.
Esse cenário é uma resposta ao que foi discutido acima sobre o SAM e a TSMA. As chuvas chegando mais ao Sudeste e parte do Centro-Oeste é uma condição proporcionada pela TSMA mais fria, no entanto, como a média climatológica é baixa, qualquer evento de chuva pode atingir o esperado para o mês. Ou seja, não deve ser interpretado como um cenário chuvoso.
Mesmo assim, a projeção se mantém coerente, mas é preciso ficar atento para a Região Sul, uma vez que o efeito apresentado pelo modelo CFSv2 é em função da SAM mais neutra. Assim, são esperados mais dias de tempo seco do que de precipitação para a Região Sul, com 1 ou 2 eventos no máximo de chuvas por semana.
Quanto ao extremo norte do país e leste da Região Nordeste, o modelo CFSv2 subestima muito, fornecendo um cenário abaixo da média, quando se espera volumes próximos da média.
Em relação às temperaturas, a projeção está coerente. Como se espera uma baixa amplitude do avanço dos sistemas frontais, as massas de ar polar devem atuar por mais tempo na Região Sul, proporcionando uma condição fria. Já para a porção central, a condição será mais quente na média.