O que esperar para o mês de Novembro?
No mês de Novembro normalmente as chuvas já estão estabelecidas no Centro-Norte do país. No entanto, neste ano a estação chuvosa e as chuvas ainda ocorrem majoritariamente de forma isolada. Será que vão regularizar neste mês?
No mês de Novembro, se espera que a estação chuvosa já esteja estabelecida, com maiores volumes na faixa que vai do extremo oeste da Região Norte até leste da Região Sudeste. No entanto, neste ano as chuvas vêm ocorrendo de forma irregular na porção Central do país, com maiores volumes de chuva no estado do Rio Grande do Sul.
Em relação às temperaturas, em Novembro se esperam temperaturas mais elevadas no Centro-Sul e ligeiramente menores no Centro-Norte do país, se comparado aos demais meses da primavera, Setembro e Outubro. Isso ocorre devido à maior frequência de chuva que não permite temperaturas muito elevadas na parte da tarde.
Em decorrência da maior concentração das chuvas no Rio Grande do Sul e da irregularidade no restante do país, as temperaturas da primavera, tanto as máximas quanto as mínimas, vêm se mantendo acima da média climatológica. O que traz um cenário muito semelhante a um sob influência de El Niño. Mas se estamos em neutralidade, o que está afetando o clima no Brasil?
O Dipolo do Índico (IDO), a Oscilação Antártica (AAO) e o Abrupto Aquecimento Estratosférico
Primeiramente, a região do Pacífico Equatorial, onde se dá os fenômenos El Niño e La Niña, está com temperaturas ligeiramente acima da média e tendem a se manter assim nos próximos meses, o que configura uma condição de neutralidade para o ENOS.
O fator que vem influenciando o padrão de chuvas no Centro-Norte do país é o IOD, que se encontra com índice positivo e um dos mais elevados em 25 anos. Fisicamente, essa condição contribui para o aumento da subsidência na Oceania e ao norte do continente, resultando em um período mais seco na região. Também inibi o estímulo inicial para a propagação da Oscilação de Madden-Julian e proporciona um padrão irregular no Centro-Norte do país. A boa notícia, é que o IOD perde intensidade e influencia cada vez menos a partir da segunda metade de Novembro.
No Centro-Sul, a AAO é o principal fator influente do clima. No entanto, neste ano, o índice está sendo modulado pelo evento raro Abrupto Aquecimento Estratosférico. Este fenômeno ocorreu somente em 2002 e influência diretamente no comportamento do Vórtice Polar. Quando a atmosfera está aquecida a AAO tende a valores negativos, representando fisicamente na redução da rotação do Vórtice Polar, o que proporciona o deslocamento do cinturão de baixas e altas pressões para latitudes mais baixas e, consequentemente, para o aumento das chuvas no Centro-Sul do país.
O modelo CFSv2 e o ano de 2002
Já sabemos que o IOD deixa de influenciar a partir da segunda quinzena de Novembro e o Abrupto Aquecimento Estratosférico se mantém ao longo do mês. Em vista disso, para auxiliar na previsão, podemos fazer um comparativo entre as anomalias de precipitação e de temperatura média previstas pelo modelo CFSv2 e o registradas no ano de 2002.
Analisando os mapas de anomalia de precipitação, nota-se bastante concordância com anomalias de positivas na Região Sul, no estado de São Paulo e em parte dos estados do Mato Grosso do Sul e de Minas Gerais. Esse cenário é o mais provável de ocorrer e concorda com a influência dos fatores IOD e Abrupto Aquecimento. No entanto, as chuvas aumentam de frequência no Centro-Norte do país a partir da segunda quinzena do mês.
Em relação às temperaturas, os cenários divergem um pouco. Como as chuvas ainda concentradas no Sul do Brasil e considerando ainda a dificuldade de sistema frontais de avançarem mais para o norte durante a primeira quinzena, se esperam temperaturas um pouco acima da média na Região Sul e mais elevadas na porção Central do país. No entanto de foram geral o modelo CFSv2 está bastante coerente com o que se espera para Novembro.