O que esperar para Setembro de 2020?
Setembro representa um dos meses de transição da estação seca para a úmida. Será que as chuvas volta a ocorrer no Brasil Central? Será um mês de muito calor? Quais os fatores climáticos predominantes? Confira as respostas aqui.
Setembro é o primeiro mês da primavera, estação esta que representa a transição de um padrão seca para um mais chuvoso, bem como de frio para o calor em boa parte do país. Estes 30 dias são caracterizados na média por uma condição ainda seca no Brasil Central, mas com indícios de um retorno das chuvas no Mato Grosso do Sul, São Paulo, sul de Minas Gerais e, principalmente no Mato Grosso, onde, na sua porção noroeste, acumulados de até 200 mm são esperados.
Na Região Sul, as chuvas continuam a ser frequentes, mas agora com maior risco para a ocorrência de temporais, sendo o mês de abertura da temporada de tempestades no Brasil. A formação de baixas pressões, passagem de frente frias e uma atmosfera mais energética possibilitam a formação dos Complexos Convectivos de Mesoescala tão comuns na primavera.
Em relação às temperaturas, a grande amplitude térmica é o destaque, uma vez que as massas de ar polar conseguem avançar a baixar as temperaturas em boa parte do país, porém, o tempo seco e a incidência mais perpendicular do raios solares, favorecem um aquecimento no Centro-Norte mais efetivo e, assim, para máximas acima dos 40°C, sendo o mês quando são registradas as maiores temperaturas do ano.
Mesmo o Pacífico Equatorial resfriado, ainda não se deu o período de 2 a 3 meses consecutivos de anomalias abaixo de 0,5°C da superfície do mar para que a circulação atmosférica responda e exerça impactos do Brasil. Assim, a condição de neutralidade do ENOS se mantém. Setembro se comportará, então, dentro da climatologia? Antes devemos olhar para os demais fatores influentes.
As oscilações Antártica (AAO) e de Madden-Julian (MJO)
Ambas as oscilações são fatores climáticos extremamente importantes para o Brasil. Enquanto a AAO influencia as condições no Centro-Sul do país, a MJO afeta mais a porção Centro-Norte. No entanto, combinadas podem configurar padrões poderosos, que trazem condições muito bem definidas e duradouras para a América do Sul.
Para os próximos 15 dias a AAO se mostra oscilando dentro de um índice negativo, com uma tendência positiva no final deste período. Essa condição possibilita a atuação de ciclones e de sistemas frontais na Região Sul, favorecendo um padrão relativamente mais úmido e frio para à primeira quinzena do mês.
Em relação a MJO, os valores positivos, representado pela manchas amarelo-avermelhadas no mapa, sugerem uma condição de subsidência, que para esta época do ano, é representada pela aproximação da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), dificultando o avanço dos sistema frontais até o Sudeste e sul do Nordeste. Situação que deve mudar no final do mês.
Anomalias de precipitação e temperatura média do modelo CFSv2
O modelo CFSv2 é um dos principais modelos climáticos utilizados pela comunidade meteorológica. Apesar de ser um ferramenta que oscila bastante para o longo prazo possui uma boa assertividade para o padrão climático médio no período de um mês.
Em vista disso e da análise sobre as oscilações AAO e MJO, as anomalias de precipitação e temperatura apresentadas para Setembro estão bastante coerentes.
A anomalias positivas de precipitação, manchas verdes, concentradas no Rio Grande do Sul, sul de Santa Catarina e em parte do leste do Nordeste, sugerem o padrão mais úmido no Sul proporcionado pela AAO negativa no Sul e pela MJO, através da aproximação da ASAS, que contribui para o maior transporte de umidade para o leste nordestino.
No Brasil Central e, principalmente, no Sudeste e nas áreas mais do centro-norte da Região Sul, essa condição de bloqueio, predominante durante o mês, resulta em uma padrão mais seco e quente para essas áreas, que pode ser evidenciadas pelas anomalias negativas de precipitação, manchas amarelas, e positivas de temperatura, manchas avermelhadas.
Para o fim do mês deve-se observar uma mudança de padrão, que pode favorecer chuvas em boa parte do Centro-Sul do país juntamente com uma intensa queda de temperatura.