Onda de calor e seca extrema atingem o centro-norte do Brasil: índices de umidade podem chegar a patamares de deserto
A falta de chuva e uma intensa onda de calor tem gerado um clima típico de deserto no centro-norte do Brasil. Os próximos dias serão extremamente secos e quentes.
São mais de três meses sem registro de uma gota de chuva se quer em algumas cidades no centro brasileiro. A estiagem prolongada é resultado de bloqueios atmosféricos que têm se formado e castigado o centro-norte do Brasil devido também as altas temperaturas.
Esse padrão é o principal inibidor do avanço de frentes frias, mas que depende também de outras condições oceano-atmosfera. O clima seco e quente vem chamando a atenção desde que o El Niño atuava no Pacífico Equatorial, mas mesmo após a instalação de uma neutralidade, nada mudou.
Segundo dados do relatório da NOAA, a anomalia de TSM no Pacífico Leste (Niño 1+2) é de -0,5°C e no Pacífico Central (Niño 3.4) é de 0,2°C, ou seja, nada de um La Niña por enquanto, que até então, seria a chave principal para a mudança desse clima seco e quente sobre o centro-norte brasileiro.
Onda de calor no Brasil
A intensa onda de calor segue como principal causador de temperaturas muito acima do normal para o inverno de 2024, afinal, temperaturas de quase 40°C estão sendo registradas em pleno mês de julho.
Nesses próximos dias o calor exorbitante vai persistir sobre áreas do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste. O mapa acima mostra a temperatura máxima prevista para a tarde desta terça-feira (23), em que o modelo GFS enxerga um calor de quase 40°C nas áreas mais escuras do mapa.
A anomalia de temperatura observada no vídeo acima deixa claro que a temperatura está acima do normal devido a intensa onda de calor que projeta essas temperaturas mais elevadas sobre o centro-norte do país, um padrão que traz diversas preocupações em diferentes setores, desde a saúde até a agricultura.
A comida na mesa da família brasileira pode ficar mais cara, principalmente quando se trata de verduras, legumes e frutas, que sofrem maior consequência imediata do calor.
A projeção é que essa onda de calor mantenha temperaturas acima da média climatológica até o final de julho, justamente porque também não há previsão de chuvas para os próximos dias.
Clima de deserto
Como se não bastasse as altas temperaturas, a seca prolongada piora a situação e um dos motivos mais preocupantes é a queda expressiva dos índices de umidade relativa do ar. Quanto mais seco e mais quente, menor fica a UR e isso é muito prejudicial para a nossa respiração.
O mapa acima mostra a previsão de baixos índices de umidade na tarde desta terça-feira (23), mesmo dia em que as temperaturas podem beirar os 40°C sobre o centro-norte do país. Vale ressaltar que em todas as áreas em marrom do mapa, a projeção é de ar extremamente seco devido a falta de chuva combinada a onda de calor.
Esses baixos índices de UR são esperados diariamente nessa reta final de julho visto que não há previsão de chuva e nem previsão para queda das altas temperaturas da tarde.
O cenário é muito preocupante porque além de ser diretamente prejudicial à nossa saúde, também afeta os animais que na maioria das vezes ficam mais a mercê desse tempo seco e quente, porque dependem de uma sombra e de encontrar uma água fresca, algo que é difícil de se achar em meio as vastas pastagens secas.
Quando o alívio vem?
Como mencionamos o clima seco e muito quente, obviamente a pergunta que fica é: quando o padrão vai mudar? E para que haja um alívio verdadeiro, precisa do retorno das chuvas e da diminuição do calor fora de época.
Primeiro falamos sobre o quadro de seca, onde existe uma possibilidade para rompimento do bloqueio atmosférico na virada do mês de julho para agosto, o que permitirá o avanço de uma frente fria pelo centro-sul, a qual levará chuvas novamente, eis o alívio com relação a estiagem!
Conforme o padrão for alterado e o retorno das chuvas se tornar mais expressivo de forma continental, ou seja, instabilidades que avançarão e mudarão o tempo não só no Sul, como também em partes do Sudeste e do Centro-Oeste, será a forma efetiva para a redução da onda de calor, pelo menos em partes do centro-norte.
O mapa acima mostra que na virada de julho para agosto também haverá uma redução gradual das temperaturas, em que as anomalias por mais que persistam positivas, ou seja, temperaturas acima da média, a onda de calor já não se fará mais presente e o calor não será tão exorbitante como agora.