Como será o clima de Janeiro de 2020?
Com o bloqueio enfraquecido, sistemas frontais conseguem avançar com facilidade pelo Centro-Sul, trazendo alívio ao calorão e contribuindo para o retorno das chuvas em boa parte do Brasil. Entenda a mudança de padrão e o clima das próximas semana.
O mês de dezembro pode ser dividido em duas quinzenas devido ao comportamento distinto do clima. Na primeira metade do mês, as chuvas foram frequentes no Brasil Central, com maiores volumes ocorrendo no oeste de São Paulo, no sul do Mato Grosso do Sul, norte e noroeste do Paraná. Devido ao maior avanço de frente frias, massas de ar mais frio também atuaram com maior frequência, resultando em temperaturas baixas e sensação de frio e até formação de geada na Serra Catarinense.
Já a segunda quinzena do mês um bloqueio atmosférico passou a atuar por volta do dia 25, com o deslocamento da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) em direção ao Brasil que dificultou o avanço de sistemas frontais, que também passaram a atuar mais próximo do continente antártico. Como resultado, o tempo ficou mais seco em boa parte do Brasil, com muita irregularidade de chuvas e temperaturas extremamente elevadas na Região Sul, com destaque para o Rio Grande do Sul, onde as máximas passaram dos 40°C.
Essas mudanças de padrão de 10 a 15 dias são provocadas por fatores que oscilam diariamente (oscilações de alta frequência). Para a América do Sul e, principalmente, para o Brasil a Oscilação Antártica (AAO) é este fator de mudança. Durante os primeiros 15, o índice se manteve negativo oscilando pouco e, por volta do dia 20 passou a ter um tendência positiva. As previsões apontam para um nova alteração de sinal que irá favorecer a formação de baixas pressões e a incursão de sistemas frontais pelo Centro-Sul do Brasil.
Outro fator de extrema importância é a Oscilação de Madden-Julian (MJO), cuja propagação e, consequentemente, influência no Centro-Norte do país estava sendo prejudicada pela atuação da fase positiva intensa do Dipolo do Índico. As previsões apontam para uma fase favorável às chuvas durante a primeira quinzena de janeiro e para uma segunda metade mais seca e com bastante irregularidade no Centro-Norte.
Tendência para as próximas semanas
A rodada mais recente do modelo climático CFSv2 (Climate Forecast System) está bastante coerente em relação ao comportamento de AAO e da MJO. A primeira semana de janeiro há a soma das influências favoráveis às chuvas no Centro-Norte.
Com a tendência negativa da AAO, cavados, sistema frontais ou baixas pressões conseguem atuar na altura do Sudeste e contribuir para a formação do corredor de umidade sobre o Brasil Central. Já a MJO negativa, favorece a atividade convectiva no Centro-Norte.
Já a segunda semana representa a transição. Ainda chove no Brasil Central, mas há uma redução na Região Nordeste. Na segunda quinzena, com a MJO positiva, a atividade convectiva diminui bastante. A concentração das chuvas na Região Sul, estado de São Paulo e no Mato Grosso do Sul, trazem indícios de que os sistema transientes continuam frequentes, indicando um índice de AAO negativo porém sem variações bruscas. No entanto, as chuvas devem ocorrer na forma de pancada no Brasil Central durante esse período. As áreas de maior risco por falta de chuvas deve ser novamente a região central e oeste do Nordeste, com exceção para o Maranhão, e o norte de Minas Gerais.