Previsão climática para Dezembro

O clima de 2019 vem sendo influenciado por fatores não muito comuns trazendo um comportamento atípico até o momento para a estação chuvosa. Será que em Dezembro essa influencia irá se manter? Saiba como será o clima para este mês aqui!

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Depois de uma primavera com chuvas irregulares as chuvas se mantém frequentes no Brasil Central durante Dezembro.

No mês de Dezembro, a climatologia nos mostra que a estação chuvosa está estabelecida em boa parte do Brasil, com maiores volumes ocorrendo desde o oeste da Região Norte até o Sudeste, justamente representando a posição clássica de atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Devido ao aumento da precipitação na porção Central do Brasil, é esperado uma redução dos volumes nos extremos norte e sul do país.

Em relação às temperaturas, em Dezembro as temperaturas mínimas, na média em boa parte do país, não ficam abaixo dos 18°C, com exceção para as áreas mais elevadas da Região Sul. Já as máximas ultrapassam facilmente os 30°C, porém, os valores registrados são menores em relação aos meses anteriores, uma vez que, com o aumento da umidade e da cobertura de nuvens, ocorre redução da amplitude térmica.

Em 2019, a estação chuvosa, que devia ter começado em Outubro, teve seu início em meados de Novembro, configurando um atraso médio de 45 dias para o estabelecimento das chuvas. Mas será que agora as chuvas vão continuar no Brasil Central? Para isso, precisamos falar dos fatores influentes do clima.

O Dipolo do Índico (IOD), a Oscilação Antártica (AAO) e o Abrupto Aquecimento Estratosférico

Antes de tudo é preciso estabelecer que a região do Pacífico Equatorial, onde se dá os fenômenos El Niño e La Niña, está com temperaturas ligeiramente acima da média, mas que não excede os 0,5°C estabelecidos na média do último trimestre para configurar El Niño. Assim, há uma condição de neutralidade para ENOS que irá se manter nos próximos meses.

Dois fatores climáticos vêm influenciando o clima no Brasil: a fase positiva do Dipolo do Índico (IOD) e o Abrupto Aquecimento Estratosférico (AAE) sobre a região da Antártica. A IOD, este ano, este ano atingiu o maior valor positivo nos últimos 25 anos. Fisicamente, essa condição contribui para o aumento da subsidência na Oceania e ao norte do continente, resultando em um período mais seco na região (incêndios na Austrália). Também dificulta o estímulo para a propagação da Oscilação de Madden-Julian, que proporcionou um padrão irregular no Centro-Norte do país durante a primavera. A boa notícia é que o dipolo está perdendo intensidade e não vai exercer influência a partir do ano que vem.

No Centro-Sul, a AAO é o principal fator influente do clima. No entanto, neste ano, o índice está sendo modulado pelo evento raro AAE, que influencia diretamente no comportamento do Vórtice Polar. Quando a atmosfera está aquecida a AAO tende a valores negativos, como mostra a figura de anomalias de geopotencial (GPH anomaly), representando fisicamente na redução da rotação do Vórtice Polar, o que proporciona o deslocamento do cinturão de baixas e altas pressões para latitudes mais baixas e, consequentemente, para o aumento das chuvas e incursão de massa de ar frio no Centro-Sul do país.

O modelo CFSv2

Devido ao enfraquecimento do IOD e da intensificação do AAE, a influência da AAO foi bastante notável na segunda quinzena de Novembro, com aumento da frequência de sistemas frontais que proporcionaram condições favoráveis para o aumento das chuvas na porção Central do Brasil e para mínimas próximas a 0°C na Serra Catarinense e Gaúcha. Utilizando da mesma lógica, com o enfraquecimento da IOD e o estabelecimento de valores negativos de AAO, se espera a manutenção da estação chuvosa sem risco para períodos secos em boa parte do país.

O modelos CFSv2 exagera aos mostrar as anomalias negativas de precipitação no leste da Região Norte e no interior do Nordeste. O padrão que se espera é semelhante ao observado na segunda quinzena de Novembro, no entanto, devido à influência ainda do IOD, há previsão de chuvas irregulares ainda durante nos primeiros quinze dias no sul dos estados do Piauí e do Maranhão, oeste da Bahia e no leste do Tocantins, com aumento da precipitação no restante do mês.

Já no Centro-Oeste e no Sudeste, as chuvas ocorrem de forma regular e não há riscos para um período seco. Novamente, o modelo exagera em relação às anomalias negativas no nordeste do Mato Grosso e norte do estado de Goiás e de Minas Gerais.

Para as temperaturas a coerência é maior. Devido à incursão de frente fria e massa de ar frio, as temperaturas tendem a ficar ligeiramente abaixo da média no Centro-Sul. No interior do Nordeste e no leste da Região Norte, a irregularidade das chuvas durante a primeira quinzena, favorece o aumento das temperaturas.