Primavera 2021: mais chuvosa? Com La Niña? O que esperar?
A primavera climatológica começou representando a transição do período seco para o úmido e a temporada de tempestades. No entanto, vários fatores climáticos irão influenciar o padrão climático, entre eles o La Niña! Saiba aqui o que esperar.
A primavera climatológica começa no início de setembro, semanas antes da primavera astronômica que, para este ano, o equinócio acontece no dia 22 deste mês às 16 horas e 21 minutos.
A estação é marcada pelo deslocamento gradativo das chuvas para o eixo noroeste-sudeste do país, que climatologicamente se estabelece por volta da segunda quinzena de outubro e no mês de novembro, período este considerado o início da estação chuvosa.
Além dessa migração da precipitação, o forte contraste térmico e as tempestades são bastante frequentes na porção Centro-Sul, com Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCMs) e Complexos Convectivos de Mesoescala (CCMs) sendo os elementos característicos, principalmente para o oeste da Região Sul e estado do Mato Grosso do Sul.
Em relação às temperaturas, mesmo não sendo inverno, ondas de frio com potencial para ocorrência de geadas também são bastante comuns, e podem ocorrer até o mês de outubro. Quanto ao calor, é na primavera que comumente são registradas as maiores temperaturas do ano, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Norte.
No entanto, a distribuição da precipitação e a frequência da incursão de massas de ar frio pode ser diferente para cada, dependendo da influência dos fatores climáticos. Para esta primavera, há o Dipolo do Índico (IOD) e o fenômeno La Niña, além do padrão de temperatura do Atlântico Sul. Confira a seguir como cada fator irá influenciar o clima nesta primavera.
Fatores climático e seus impactos esperados
Para o trimestre setembro-outubro-novembro, o Dipolo do Índico (IOD) em sua fase negativa exerce a sua influência sobre o Brasil, contribuindo para uma maior probabilidade de ocorrência de chuvas no oeste da Região Norte, no Centro-Oeste, no Sudeste e no norte da Região Sul. Apesar de não se observar uma distribuição de anomalias intensas, já se trata de um ponto a favor para o início das chuvas.
Outro fator importante e que também afeta todo o trimestre, é a temperatura da superfície do Atlântico Sul. Pela projeção do modelo ECMWF, espera-se água aquecidas no extremo sul e norte, e ligeiramente mais frias na porção central, tendendo mais à neutralidade.
Essa distribuição acaba por favorecer o deslocamento dos sistemas transientes de precipitação pela porção mais aquecida no extremo sul e proporcionando um clima seco ou com irregularidade de chuvas na Região Sul, como ao que foi observado nos meses de julho e de agosto. Mesmo com essa passagem mais zonal, os sistemas frontais e ciclones podem contribuir para atrair umidade da Amazônia até o oeste da Região Sul e estado do Mato Grosso do Sul.
Essa dificuldade ou menor probabilidade de avanço dos sistemas transientes em direção ao Nordeste, passando pelo Sudeste, somada a condição ligeiramente mais fria, também pode proporcionar uma irregularidade das chuvas no Brasil Central, uma vez que devem atuar de forma mais costeira e passageira. Por outro lado, a influência da IOD pode compensar potencializando os eventos de chuva.
Já as águas mais aquecidas na porção mais ao norte, favorece a precipitação no litoral norte e também nas regiões costeiras do Nordeste, além de ser uma fonte de umidade para as áreas do interior quando iniciado o regime monçônico da América do Sul, por volta do fim de outubro e o início de novembro.
Em relação ao La Niña, a expectativa é da atuação de um fenômeno de fraca intensidade com reflexo a partir de meados de outubro e do mês de novembro, o que deve proporcionar uma maior concentração das chuvas nas regiões Norte e Nordeste, e, provavelmente, na porção norte do Sudeste. Já para a Região Sul, a expectativa é de irregularidade da precipitação.
Em resumo, o somatório das influências desses fatores climáticos proporcionam uma maior concentração da precipitação no centro-norte do país e uma irregularidade de chuvas no centro-sul.
Projeção do modelo ECMWF para a primavera
Aa se observar as anomalias de precipitação do modelo europeu ECMWF para o trimestre setembro-outubro-novembro, nota-se uma distribuição bastante coerente ao que se espera, na média, da influência dos fatores climáticos discutidos anteriormente.
As anomalias positivas de precipitação se concentram no norte do país, com chuvas que devem ocorrer ao longo de todos os meses, com aumento gradativo da abrangência. A precipitação no Nordeste deve ser mais expressiva a partir da segunda quinzena de outubro, bem como para o norte das regiões Centro-Oeste e Sudeste.
Já para a Região Sul, as anomalias negativas passam a expectativa de irregularidade da precipitação. No entanto, não se descarta a ocorrência de eventos intensos e volumosos, que são comuns neste período, porém, o que deve ser ressaltado é que a frequência de eventos de chuva é baixa.