Qual a tendência do tempo para o trimestre de março, abril e maio?
O mês de fevereiro foi marcado por chuvas intensas no sudeste do Brasil que chegaram a bater recordes em São Paulo e Minas Gerais. Climatologicamente, a chegada do mês de março marca uma transição gradual no regime de precipitação do país. Veja qual a tendência do próximo trimestre.
O final do trimestre de Dezembro, Janeiro e Fevereiro foi marcado por chuvas intensas principalmente no sudeste do país que registrou marcas históricas. Em Goiás e no Rio Grande do Sul também houveram chuvas acima da média durante o trimestre. Em geral, o aumento da precipitação neste período foi causado pela influência remota das temperaturas do Oceano Índico, entrada de sistemas frontais, episódios de Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN). O trimestre passado também foi marcado pelo deslocamento incomum da Alta da Bolívia em direção ao sudeste do Brasil, o que também favoreceu os movimentos convectivos na região.
Com a aproximação da chegada do outono, os sistemas meteorológicos atuantes pelo Brasil começam a mudar gradualmente. No trimestre de Março, Abril e Maio (MAM), climatologicamente, ocorre uma diminuição gradual das chuvas no centro-oeste, sudeste e o sertão nordestino (que recebe chuvas até o final de abril) e o sul e norte do país se mantêm estáveis. Porém, isto depende de muitos fatores, como por exemplo, a temperatura da superfície do mar no Pacífico e Atlântico sul (principalmente). Então, o que deve acontecer neste trimestre?
As condições atuais para o oceano Pacífico são de neutralidade do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS). Já no oceano Atlântico há temperaturas acima da média climatológica que persistem desde meados do ano de 2019. Estas condições devem se manter no trimestre MAM de 2020. As previsões indicam que a Oscilação Antártica deve ficar positiva nos primeiros dias de março, o que favoreceria um padrão zonal da corrente de jato e dificultaria o deslocamento de sistemas frontais para o Brasil.
As condições de neutralidade no Pacífico e águas mais quentes no Atlântico tropical favorecem as chuva no Nordeste do Brasil. No norte do Nordeste a atuação da Zona de Convergência Intertropical deve se manter ativa, enquanto episódios de VCANs e ZCAS (não tão comum a partir do mês de março) podem favorecer o centro-sul e leste do nordeste no período. Os modelos CFS, IRIs e a previsão probabilística do CPTEC/INMET/FUNCEME mostram concordância com previsão de anomalias positivas de chuvas para o nordeste, mas discordam na previsão de temperatura. Todavia, as temperaturas previstas estão relativamente próximas da média climatológica.
No Centro-Sul do país, as anomalias positivas chuvas devem se manter concentradas entre Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espirito Santo. Entre São Paulo e o Rio Grande do Sul, as chuvas devem ficar levemente abaixo da média. As previsões de temperatura indicam anomalias negativas no Mato Grosso do Sul, oeste de São Paulo e oeste do Paraná. Rio Grande do Sul deve apresentar temperaturas ligeiramente acima da média.
No norte, as chuvas devem ficar acima da média entre o Amazonas e o sul do Pará. Os outros estados da região devem ficar próximos da média climatológica. As temperaturas devem apresentar anomalias positivas no trimestre em toda região norte com variações de até + 1,5ºC em relação à média.