Recordes de temperaturas no início da primavera pode dizer algo sobre outubro? Há risco para onda de calor extremas?
A primeira onda de calor que tem quebrado recordes de temperatura no Brasil desde o início da primavera deve persistir até o final de outubro, mas a trégua não será duradoura em um ano de El Niño.
A primavera de 2023 começou recentemente e já mostrou que chegou para ser uma estação mais quente que o normal devido à atuação do fenômeno El Niño. Temperaturas acima dos 40°C estão sendo registradas em diferentes regiões brasileiras desde a última semana e isso vai continuar.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), as capitais Cuiabá e São Paulo tiveram o inverno mais quente dos últimos 63 anos, além de grande parte das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste passarem por mais de 70 dias de calor intenso durante a estação.
Após um fim de semana extremamente quente em diferentes regiões do país, a semana começou com temperaturas elevadas desde o norte do Rio Grande do Sul até cidades no extremo norte brasileiro ainda sob influência da forte onda de calor. A pergunta que fica é até quando esse calor intenso vai persistir e se será assim durante a primavera inteira por conta do El Niño.
Até quando vai a intensa onda de calor?
Até mesmo os amantes dos dias quentes precisam dar o braço a torcer e admitir que a curiosidade existe sobre até quando o calorão vai persistir no Brasil. A resposta não é nada animada para quem sofre com as temperaturas elevadas. O final de setembro e os primeiros dias do mês de outubro serão extremamente quentes no Brasil Central e também na metade norte brasileira, regiões que podem registrar temperaturas entre 35°C e 43°C.
Com a influência do El Niño, a primavera será mais quente que o normal, algo que gera diversas preocupações em diferentes setores brasileiros como a saúde, a agricultura e a energia que podem ser substancialmente afetados pelas temperaturas acima da média. A primavera mal começou e recordes já estão sendo batidos, o que está por vir pode ser ainda pior e desastroso, uma vez que o calor em excesso mexe até mesmo com o preço da comida na mesa da família brasileira.
Os modelos já mostram que a onda de calor desta semana vai continuar forte e abrangente no Brasil, com temperaturas acima do normal no norte do Paraná, centro, oeste e norte de São Paulo, na maior parte de Minas Gerais, nas áreas serranas do Rio de Janeiro, no Espírito Santo, na maior parte do Mato Grosso do Sul, em todo o Goiás e Distrito Federal, assim como em áreas do Mato Grosso, da Bahia, do Piauí, do Maranhão, do Tocantins, e até mesmo de Rondônia, Amazonas e Roraima, estados que podem registrar pancadas de chuva com maior frequência.
Na maior parte do mês de outubro, o calor ainda vai ser registrado em todo o Brasil, até mesmo no Rio Grande do Sul e Santa Catarina que podem ter temperaturas acima da média, mas se tratando de onda de calor, os maiores desvios de temperaturas estão sendo projetados para o Centro-Oeste e para o Norte. É somente na última semana de outubro que o Brasil deve passar por dias com temperaturas levemente acima do normal, ou seja, sem a atuação de uma forte onda de calor.
Ainda existe chance para um super El Niño?
Apesar das últimas projeções de semanas anteriores terem descartado a possibilidade de um super El Niño em 2023, o que seria um pequeno alívio com relação aos eventos extremos que já estão sendo registrados em nosso país como as enchentes no Sul e os recordes de calor no Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, novidades deixaram os meteorologistas em alerta.
No dia 14 de setembro, o Centro de Previsão do Clima (CPC) da NOAA e o International Research Institute for Climate an Society (IRI) da Universidade de Columbia, atualizaram a previsão do ENOS, indicando que o fenômeno continuará ganhando intensidade durante a primavera e pode sim chegar a forte intensidade no verão do Hemisfério Sul, com expectativas que o aquecimento anômalo persista até março do ano que vem.
Quando falamos em super El Niño, é importante ressaltar que não significa que o mundo irá acabar instantaneamente, isso já aconteceu antes, mas o problema é que somado as mudanças climáticas, corremos mais riscos quanto aos eventos extremos que se tornam mais frequentes e mais intensos também.
Em projeções anteriores, os meteorologistas da Meteored já vem alertando sobre as chuvas mais frequentes e intensas no Sul do Brasil durante a primavera e verão, e também as fortes ondas de calor que podem atingir as demais regiões brasileiras, algo que deve se tornar cada vez mais comum nos próximos meses. Essa primeira onda de calor está com os dias contados em algumas localidades do centro-sul do país, mas o que não devemos nos esquecer é que outras ondas virão com a atuação do El Niño.