Região Sul deve continuar com padrão irregular de chuvas nas próximas semanas
Chuvas irregulares são esperadas neste mês de junho que tende a ser mais seco que o normal. Região Sul deve se preparar para um forte período de secas daqui em diante.
Os últimos dias foram marcados pela redução expressiva das chuvas no Sul do Brasil, o que gerou certo alívio especialmente no Rio Grande do Sul, visto que o nível dos rios e lagos diminuiu e pela primeira vez em um mês ficou abaixo da cota de inundação como no caso do Lago Guaíba em Porto Alegre.
Apesar do afastamento do ciclone extratropical, a semana começou com registro de chuva no Rio Grande do Sul devido a presença de um canal de umidade associado a uma frente fria afastada no oceano que tende a se afastar ainda mais ao longo desta segunda-feira (03).
Entretanto, a circulação de ventos úmidos que sopram do mar contra à costa associados a massa de ar frio será suficiente para manter chuvas irregulares até meados da semana em todas essas áreas em azul do mapa. Somente o sul gaúcho pode registrar volumes entre 15 e 50 milímetros, enquanto as demais áreas ficarão apenas com volumes baixos e chuva fraca.
Dada a largada para o período seco
A chuva irregular e sem acumulados significativos na maior parte da região Sul, vai somente até as primeiras horas da quinta-feira (06), e depois disso, é dada a largada para um período mais seco na região. Um período que pode durar por vários dias, semanas e até meses.
Antes de falarmos do período de secas que pode se estender pela região Sul até meados de julho, vamos entender primeiro quais mudanças ocorrerão nesses próximos dias após o afastamento da massa de ar frio, algo que vai proporcionar também uma gradual elevação das temperaturas e redução do risco de geada.
Ainda que o centro de alta pressão atmosférica se afaste para o Oceano Atlântico, áreas de baixa pressão atmosférica não vão avançar pelo Sul do Brasil, atuarão de maneira mais austral na altura da Argentina, algo que vai durar pelo menos até o sábado (08).
A tentativa de mudança virá a partir de uma área de baixa pressão atmosférica no interior do continente, na altura do Paraguai, que tende a se deslocar, desacoplar e dar origem a um ciclone extratropical na manhã de domingo (09) no extremo sul gaúcho.
Porém, ainda não será esse sistema que vai mudar o tempo e gerar chuvas de novo no Sul. O sistema passará rapidamente gerando no máximo vendaval e ressaca no litoral.
A tabela acima mostra a continuidade do tempo firme em Porto Alegre por exemplo, mesmo com essa passagem do novo ciclone. A mudança esperada é com relação a temperatura, fará calor no domingo e depois que o ciclone avançar, cai novamente entre a segunda (10) e a terça-feira (11).
Comportamento das chuvas em junho
Bom, acompanhamos acima que o tempo seco no Sul do Brasil vai perdurar pelo menos até a terça-feira (11). Os mapas abaixo ilustram essa condição de anomalias negativas de precipitação durante o primeiro decêndio de junho, a mudança virá depois disso, mas será que vai durar muito tempo?
Depois que esse ciclone passar, a tendência é que uma frente fria enfim alcance a altura do Uruguai e do Rio Grande do Sul até o final da quarta-feira (12). As pancadas de chuva tendem a se espalhar pela região Sul pelos próximos dois dias, mas de modo geral, sem volumes muito elevados.
A questão é que logo em seguida, existe uma projeção de uma segunda frente fria que tende a avançar mais no período entre 17 e 24 de junho, uma chuva que inclusive pode alcançar até mesmo áreas de Mato Grosso do Sul, mostrando ser um sistema mais organizado e abrangente. Esse será o período mais úmido na região Sul, com tendência de anomalias positivas como mostra o mapa acima.
Na última semana de junho, a tendência é de seca novamente sobre a região Sul. As instabilidades tendem a se afastar e até migrar rumo ao Nordeste do Brasil, algo que vamos entender logo abaixo.
Até quando vai a seca no Sul?
Além do mapa de anomalias de precipitação semanal mostrado anteriormente, que ilustra a redução das chuvas sobre o Sul no finalzinho de junho, tem uma outra variável importante a ser analisada, a fase da Madden-Julian (MJO) que vai alavancar as chances de chuva sobre o Nordeste.
O gráfico acima mostra a alternância, a virada de chave com relação ao padrão de chuvas no Nordeste, ao qual passa a ser favorável já no final de junho e tende a perdurar por algumas semanas. Com a umidade mais concentrada sobre essas áreas, reforça a ideia de seca sobre o Sul.
Após um junho mais seco do que a climatologia manda, julho tende a ser marcado também por pouca chuva na região Sul. Os mapas acima mostram a anomalia de precipitação durante a primeira quinzena de julho, onde a expectativa é de chuvas abaixo da média.
Nota-se que a seca pode ser mais forte sobre o interior do Paraná, o que reforça as preocupações quanto à agricultura no estado. Aliás, esse cenário pode ser o “novo normal” visto que enfim começou a transição oficial do El Niño para a fase neutra e posterior chegada do La Niña, mas isso fica para um próximo artigo!