Região Sul pode enfrentar um longo período de irregularidade de chuvas em junho
A partir da próxima quarta-feira, 31 de maio, as chuvas vão diminuir muito na Região Sul, se estendendo por praticamente todo o mês de junho. O que está provocando isso? Quando as chuvas vão se tornar regulares?
O período seco começou e estamos já estamos mais de dois meses sem chuvas significativas em boa parte do Brasil. No entanto, para essa época do ano, espera-se que a precipitação aconteça no extremo norte, leste e sul do país, o que não está acontecendo na Região Sul.
Poucos episódios de precipitação estão atingindo os estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná com relevância volumétrica. O primeiro ocorreu no início de maio, quando as chuvas acumularam volumes próximos e, até mesmo acima da média climatológica. Os demais ocorreram na última semana e nesses últimos dias de maio.
As previsões apontam para um mês de junho com precipitação bastante abaixo da média no centro-sul do Brasil, principalmente sobre a Região Sul, quando se espera volumes de até 200 mm entre o norte do Rio Grande do Sul, o oeste de Santa Catarina e o sudoeste do Paraná.
O fenômeno La Niña já não está mais presente e o El Niño está em desenvolvimento. Além disso, as águas do oceano Atlântico estão aquecidas na sua porção amis ao sul. Esses fatores proporcionam condições favoráveis às chuvas. O que está atrapalhando a precipitação sobre a Região Sul? A resposta está na Oscilação Antártica (AAO).
Oscilação Antártica
A AAO está relacionada com a frequência da chuvas no centro-sul do Brasil, sendo estas uma consequência da atuação de baixas pressões, cavados, ciclones e frentes frias.
Quando o índice está positivo, o cinturão de baixas pressões, que circunda a Antártica, passa a atuar mais próximo do continente antártico, reduzindo a passagem de sistemas de precipitação sobre o centro-sul do Brasil, principalmente pela Região Sul nesta época do ano.
Quando o índice está negativa, observa-se o contrário: aumento das chuvas no sobre a Região Sul em virtude do aumento da passagem dos sistemas de precipitação, que é uma condição determinada pelo deslocamento do cinturão de baixas pressões mais próximo da América do Sul e mais longe da Antártica.
O gráfico acima traz o comportamento observado (linha preta cheia), os cenários de previsão (linhas vermelhas) e a média desses cenários (linha preta tracejada). Fica evidente os períodos de mais chuva quando a AAO mostrou uma forte tendência negativa e atuou com índice negativo: final de abril afetando o início de maio e durante a segunda quinzena de maio, que acabou afetando a última semana o mês.
Tendência seca para o centro-sul do Brasil
As chuvas já reduziram bastante na Região Sul em virtude do avanço da frente fria para o Sudeste. Precipitação na forma de chuvisco ocorrem no início da semana de transição de mês somente no leste de Santa Catarina e do Paraná.
Ainda nesta semana, chuvas mais intensas atingem o estado do Paraná até o norte catarinense. No entanto, a partir da quarta-feira (31) e da quinta-feira (01), uma massa de frio e seca atua em todo o Sul do Brasil, proporcionando condições frias e de sol em todo o centro-sul.
Nos dias seguintes, mesmo com o afastamento da massa de ar frio, o tempo firme predomina em praticamente todo o centro-sul do Brasil. Os sistemas frontais não conseguem avançar e atuam no máximo no sul e leste do Rio Grande do Sul, provocando mais aumento da nebulosidade do que chuva. Não há expectativa de chuvas expressivas até pelo menos o dia 10 de junho.
Na segunda semana de junho, sistemas de baixa pressão e frente frias conseguem atuar de forma mais intensa e provocar chuvas mais significativas, porém, a precipitação fica restrita a metade sul do Rio Grande do Sul, mas com maior probabilidade para as áreas de fronteira com o Uruguai e a Argentina.
Esse padrão irregular pode se manter até a última semana de junho. No entanto, a última atualização do modelo de confiança da Meteored, o ECMWF, mostra anomalias positivas por volta da terceira semana. Tendo em vista o comportamento da AAO, esse cenário pode mudar ou as chuvas mais expressivas ficam mais para próximas do dia 19.