Rio atmosférico vai atuar na Região Sul a partir do fim de semana: quais os riscos para o Rio Grande do Sul?

A chuva prevista a partir do final de semana no Sul do Brasil virá através de um rio atmosférico, que pode gerar volumes elevados e tempestades no Rio Grande do Sul.

chuva
Rio atmosférico trará chuva de volta ao Rio Grande do Sul a partir do fim de semana com risco de chuvas intensas e tempestades.

O tempo firme em partes do Sul do Brasil está com os dias contados e já tem previsão para o retorno das chuvas principalmente sobre o Rio Grande do Sul. As pancadas tendem a começar na sexta-feira (14) à noite, mas é mesmo a partir do fim de semana que há risco de chuvas intensas e tempestades.

Com a formação interessante de um rio atmosférico, ventos quentes e úmidos serão transportados desde o Atlântico Tropical passando pela Amazônia até chegar ao estado gaúcho, ou seja, a chuva está associada não ao avanço de uma frente fria vindo pela Argentina por exemplo, e sim, por instabilidades no interior do continente vindas da faixa norte do país.

Rio atmosférico atravessa o interior do continente e leva ventos quentes e úmidos da Amazônia até o Sul do Brasil. O estado do Rio Grande do Sul fica sob risco de chuvas intensas e tempestades no fim de semana.

Para a formação de nuvens carregadas é preciso uma combinação entre umidade e calor, algo que estará em evidência no fim de semana através de um rio atmosférico. O interessante é que ele dará a volta na massa de ar seco atuante no Brasil Central, por isso a chuva cairá diretamente sobre o Sul.

Rio atmosférico deixa o Rio Grande do Sul em atenção

Muitos devem se perguntar o que seria um rio atmosférico e como na prática ele provocaria chuvas intensas. Bom, neste caso, o corredor de umidade vai se formar no Atlântico Tropical e seguir o caminho dos ventos de leste, comum nessa faixa do globo.

tsm
Anomalia de TSM mostra Atlântico Tropical superaquecido, o que vai ajudar no transporte de ventos quentes e úmidos pelo rio atmosférico. Fonte: Climate Reanalyzer

Como a temperatura da superfície do mar está superaquecida de forma anômala no Atlântico Tropical como mostra o mapa acima, uma maior taxa de evaporação ocorre jogando mais umidade na atmosfera, o que junto com a temperatura elevada proporciona maior formação de nuvens de chuva.

Desta forma, os ventos quentes e úmidos vão se intensificando e seguindo rumo à Amazônia e ao encontrar um clima naturalmente quente e úmido, instabilidades se formam pelo caminho e geram nuvens carregadas de chuva.

arte
O rio atmosférico dará a volta na massa de ar seco e quente atuante no Brasil Central, e com isso, ventos quentes e úmidos vão provocar chuva desde a faixa norte do país até cair direto no Rio Grande do Sul.

O mapa acima mostra o caminho do rio atmosférico que combina exatamente com a área que tende a ser atingida pelas pancadas de chuva com volumes elevados e maior risco de tempestades nos próximos dias.

Nota-se que há projeção de chuvas intensas desde o Amapá, Roraima, noroeste do Amazonas, passando por Peru, Bolívia e Paraguai até atingir o Rio Grande do Sul com a chegada dos ventos quentes e úmidos.

Além do rio atmosférico, os ventos quentes e úmidos vão encontrar uma área de baixa pressão atmosférica que pode intensificar as chuvas no fim de semana sobre o estado gaúcho.

Falamos então desse padrão projetado para os próximos dias, com chuvas previstas entre a sexta à noite e a segunda-feira (17). Claro que a maior preocupação se volta novamente para o Rio Grande do Sul devido as recentes enchentes.

chuva
Com atuação de rio atmosférico, há possibilidade de volumes acima dos 100 milímetros na metade norte do Rio Grande do Sul a partir do fim de semana.

O volume previsto pode ser alto em um intervalo de 2 a 3 dias, em que são esperados maiores acumulados sobre a metade norte gaúcha. Desde partes da serra até o noroeste do estado, os volumes podem alcançar a casa dos 100 milímetros, não se descartando o risco para transtornos e danos.

O volume acumulado de chuva tende a ser menor na Região Metropolitana de Porto Alegre e na metade sul do estado, porém, não se descarta o risco para tempestades no final de semana, não só pela influência do rio atmosférico como também pelo possível processo de formação de um ciclone extratropical.

As pancadas de chuva podem ser fortes acompanhadas por ventos, trovoadas, descargas elétricas e até eventual queda de granizo, o que deixa todo o Rio Grande do Sul em estado de atenção com possibilidade de danos à rede elétrica, queda de árvores e outros danos.