Segunda quinzena de fevereiro: muita chuva no centro-norte do Brasil com possível formação de ZCAS
Primeiro um ciclone, depois o avanço de uma frente fria e por fim a possibilidade de uma ZCAS, saiba tudo que será favorável para muita chuva no centro-norte do Brasil na segunda quinzena de fevereiro.
Com o enfraquecimento do fenômeno El Niño e o Oceano Pacífico caminhando lentamente rumo a uma neutralidade, está difícil a instalação de um padrão de chuvas no Brasil, principalmente por ser tão grande territorialmente. As chuvas já não ficam concentradas por muito tempo no Sul, o que abre brechas para o aumento da umidade em outras regiões com maior frequência comparado aos últimos meses do ano passado.
A segunda quinzena de fevereiro tende a ser mais úmida sobre o centro-norte do Brasil e existem muitas possibilidades que serão discutidas aqui. Afinal, o El Niño ainda está presente, ciclones estão se formando com alta velocidade, as frentes frias avançam, o Atlântico está bastante aquecido e a Madden-Julian está em fase quase neutra. Ou seja, será que os modelos climáticos estão superestimando essa chuva, ou ela de fato deve acontecer?
Já tem previsão para mudanças no tempo e o avanço das chuvas nos próximos dias devido à passagem de duas frentes frias seguidas, mas não serão elas as responsáveis pela “chuvarada” da segunda metade do mês. Esses dois sistemas vão provocar chuvas durante esta semana no Sul e depois no Sudeste, não se descartando a possibilidade até para altos acumulados e temporais com ventos, raios e granizo por conta da combinação entre calor e umidade.
Ciclone, frente fria e ZCAS
O padrão de muita chuva sobre o centro-norte do Brasil está previsto para o período de 19 a 26 de fevereiro, onde a expectativa é de uma umidade bastante concentrada sobre partes do Sudeste, do Centro-Oeste, mais pontual sobre o Norte, e principalmente espalhada pelo Nordeste.
Tudo vai começar a partir de um ciclone na costa do Rio Grande do Sul na manhã da segunda-feira (19) dando origem a uma frente fria que já atinge o Sudeste na terça-feira (20), ou seja, mesmo com ciclone afastado no oceano, o sistema frontal vai avançar de forma bem rápida pelo continente. Na quarta-feira (21), uma área de baixa pressão atmosférica se desprende na costa do Rio de Janeiro e será ela que vai alimentar a chuva no centro-norte do país nos dias seguintes.
Falando em volume de precipitação, esse período mais úmido promete chamar a atenção e gerar alertas para transtornos e prejuízos por conta de acumulados que podem variar entre 100 e 250 milímetros, isso desde a costa do estado de São Paulo, com riscos de alagamentos desde o litoral até o interior, passando pela metade sul de Minas Gerais, Goiás, leste e norte de Mato Grosso, até avançar sobre partes do Norte e do Nordeste, com destaque especialmente para Tocantins e Maranhão, onde são esperados os maiores acumulados.
Madden-Julian e temperatura do Atlântico
Apesar do padrão bem claro de chuvas concentradas sobre o centro-norte do país de 19 a 26 de fevereiro, e que tem sim um forte embasamento na formação de ciclones e o avanço de uma frente fria bastante organizada, os modelos podem estar superestimando essa chuva, que pode de fato acontecer, mas com acumulados um pouco menos expressivos, o que claro, diminui o potencial para estragos.
Um forte indício de que essa chuva pode estar superestimada é que para o mesmo período, a Oscilação Madden-Julian (MJO) que é o maior elemento da variabilidade intrasazonal (30-90 dias) na atmosfera tropical, estará em uma fase praticamente neutra, ou seja, não estará favorável para a concentração de tanta chuva assim sobre o centro-norte brasileiro. Mas se a Madden-Julian não está favorável e o El Niño mais fraco já não prende a chuva na região Sul, o que poderia alavancar essas chuvas expressivas entre o Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste?
A resposta pode estar no Oceano Atlântico bastante aquecido, ou seja, a temperatura das águas superficiais do oceano que banha o Brasil está muito elevada, e isso gera impactos na ocorrência de chuvas, isso porque com o Atlântico aquecido, os sistemas de baixa pressão atmosférica se formam com maior facilidade e também evoluem mais rápido e mais intensamente.
A tendência é de formação de um ciclone subtropical já na altura do Sudeste no dia 21 de fevereiro como mencionado anteriormente, e essas águas superaquecidas podem fortalecer esse canal de umidade gerado do litoral para o continente, ou seja, alimenta as chuvas mais expressivas, dando essa possibilidade para a formação de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).