Segunda quinzena de janeiro com retorno das chuvas para o centro-sul

A quebra do bloqueio atmosférico traz expectativas do retorno das chuvas para o centro-sul do país e arrefecimento das temperaturas. Quando deve ocorrer essa mudança? Há expectativa de chuvas volumosas no Sul?

clima janeiro chuva sul
As duas últimas semana de janeiro terão padrões distintos tanto de temperatura quanto de precipitação.

Os primeiros quinze dias de janeiro apresentaram um padrão ainda bem típico de La NIña, com chuvas no centro-norte do país e, devido às condições mais favoráveis de aquecimento do Atlântico Sul, manteve também a precipitação concentrada também na Região Sudeste, onde volumes elevados, transtornos e tragédias foram destaques neste início de 2022.

Assim, os acumulados já se encontram muito acima da média em parte das regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, com destaque para o estado de Minas Gerais onde os volumes passam dos 300 mm acima da climatologia.

precipitação e temperatura máxima
Anomalias de precipitação e de temperatura máxima até o dia 16 de janeiro.

Como reflexo das chuvas frequentes, as temperaturas máximas registradas ficaram abaixo da média, proporcionando, até o momento, até 4°C abaixo da média das máximas esperadas para o mês. Em contrapartida, no Rio Grande do Sul, onde o tempo firme predominou com a ocorrência de duas ondas de calor, a média das máximas superam os 4°C em alguns pontos.

Agora, para a segunda quinzena de janeiro, as expectativas estão para um padrão diferente. Mas será que vai chover na Região Sul da mesma forma que no centro-norte? Confira a seguir.

Oscilação Antártica (AAO) e de Madden-Julian (MJO)

Os principais fatores climáticos que vêm influenciando a distribuição da precipitação, além do fenômeno La Niña, são as já conhecidas oscilações Antártica (AAO) e de Madden-Julian (MJO).

Analisando o comportamento da AAO, nota-se que à tendência negativa no início do mês seguida pela forte subida do índice proporcionaram dois eventos marcantes nesta primeira quinzena: as chuvas volumosas no Sudeste e a onda de calor no Rio Grande do Sul e agora no restante do centro-sul.

AAO; MJO
Oscilações Antártica e de Madden-Julian, sendo os principais fatores climáticos que determinam a distribuição da precipitação no curto e médio prazo.

Assim, a tendência negativa observada nos últimos dias irá proporcionar uma mudança de padrão a partir do fim da próxima semana, com chuvas aumentando no centro-sul. A pequena variação em torno da neutralidade, mantém um padrão ainda favorável à precipitação, mas com a probabilidade de não se deslocar tanto para o extremo sul do país.

Em relação à MJO, a oscilação se mantém em neutralidade ou com viés de neutralidade, o que não atrapalha a atividade convectiva no país, principalmente na porção centro-norte. Por outro lado, não é um fator que contribui para uma maior concentração de chuvas no Sul. Para um aumento expressivo da precipitação o ideal seria uma combinação de AAO negativa com um fase de subsidência da MJO no centro-norte, o que traria uma condição de bloqueio com chuvas na Região Sul. A condição atual de bloqueio é proporcionada somente pela tendência positiva da AAO.

Aumento da umidade e diminuição das temperaturas

Aqui apresentamos as anomalias de precipitação e de temperaturas para as próximas duas semanas referente ao modelo ECMWF.

Começando com a precipitação, nota-se ainda a consequência do bloqueio atmosférico atuando na próxima semana, com anomalias expressivamente negativas no centro-leste do país, com positivas em parte do Rio Grande do Sul. Vai chover na Região Sul, mas a precipitação fica mais concentrada na metade sul do território gaúcho.

Já na última semana do mês, há uma quebra do padrão com a precipitação retornando para o Brasil Central, porém em uma posição mais centrada entre o sul das regiões Centro-Oeste e Sudeste e o norte da Região Sul. Essa variação é muito coerente com o que foi apresentado em relação aos fatores AAO e MJO.

ECMWF
Anomalias de precipitação e de temperatura para as próximas duas semana do mês de janeiro segundo o modelo ECMWF.

Quanto às temperaturas, estas apresentam uma relação direta com o comportamento da precipitação. No caso da condição de bloqueio atmosférico da próxima semana, se espera de fato temperaturas elevadas, o que é ressaltado pelo modelo ECMWF através das anomalias positivas em todo o centro-sul.

Com a mudança de padrão, as temperaturas diminuem, mas ainda se espera dias de calor, principalmente no oeste da Região Sul. De qualquer forma, já é uma condição muito mais agradável.