Segunda quinzena de janeiro mais quente e com mais chuva no centro-sul
Para as próximas duas semanas de janeiro, o padrão de precipitação será diferente ao observado nos últimos dois meses de 2022 e mais semelhante à segunda semana de 2023: mais chuva no centro-sul e calor! Saiba mais detalhes aqui.
O ano de 2023 começou com muita chuva em boa parte do Brasil, com a formação da primeira Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) nos primeiros dias de janeiro, com vários transtornos sendo registrados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Com o enfraquecimento da ZCAS, a precipitação passou a ocorrer de forma mais irregular e mais concentrada no centro-sul e oeste do país. Padrão este que também contribui para o aumento das temperaturas e para temporais mais intensos.
A primeira quinzena de janeiro já registrou volumes bastante expressivos superando os 200 mm em boa parte do Sudeste e em pontos do Centro-Oeste e da Região Norte, onde o esperado para o mês varia de 260 a 300 mm.
Para o restante do mês, o padrão de distribuição das chuvas se mantém semelhante ao observado na segunda semana de janeiro. Por qual razão? O que o modelo de confiança da Meteored, o ECMWF, está prevendo?
Os principais fatores climáticos
Para as últimas duas semanas de janeiro, as oscilações Antártica (AAO) e de Madden-Julian (MJO), juntamente com o padrão de temperaturas do Atlântico Sul, são os principais fatores climáticos que vão determinar o padrão de distribuição das chuvas no Brasil.
A AAO mostra uma tendência negativa, caminhando para a neutralidade, o que contribui para um aumento dos sistemas de precipitação sobre o centro-sul, mas sem amplitude suficiente para avançar mais para o Norte.
Quanto à MJO, o que chama a atenção é a sua atuação na fase 3 por volta da última semana de janeiro, o que contribui para o aumento das chuvas no centro-sul, principalmente na Região Sul.
Já o Atlântico Sul se encontra com a sua porção sul mais aquecida, favorecendo a atuação dos sistemas de precipitação entre as regiões Sul e Sudeste, o que pode contribuir para a organização de umidade no centro-sul e no oeste do Brasil, uma vez que a Corrente de Jato em Baixos Níveis passa a mais para oeste quando os sistemas de baixa pressão e frentes frias atuam mais para o sul do país.
Anomalias de precipitação do modelo ECMWF
A última atualização do modelo ECMWF traz uma terceira semana de janeiro com bastante irregularidade das chuvas, sendo mais volumosas e abrangentes somente no extremo norte do país e em parte do Sudeste e do leste da Região Sul. A precipitação ocorre em boa parte, mas na forma de pancadas muito isoladas que podem acontecer como temporais.
Na última semana, se observa um aumento da precipitação no centro-sul através das anomalias positivas e mais neutras. Essa condição é coerente ao que se espera da influência da MJO na fase 3. Em contrapartida, uma padrão mais seco se estabelece no centro-norte, principalmente no norte das regiões Sudeste e Centro-Oeste, no Nordeste, no oeste e sul da Região Norte.
Com chuvas mais concentradas no centro-sul é fácil concluir que os sistemas de precipitação atuem mais nas regiões Sul e Sudeste. Assim, o escoamento de norte acaba por transportar o ar mais quente no centro-norte para o sul. Com isso, o calor ainda deve ser presente durante toda a segunda quinzena de janeiro.