ZCAS deixa centro-norte do Brasil em alerta para muita chuva nos próximos dias: veja como agronegócio será impactado

Os próximos cinco dias serão marcados pelo avanço de uma frente fria e a geração de uma nova ZCAS. Alto volume de chuva esperado pode impactar áreas produtoras.

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Lavouras de milho, soja, feijão e algodão podem ser impactadas pela formação da ZCAS nos próximos dias.

O agronegócio continua vivendo incertezas quanto à produtividade da safra atual por questões climáticas, visto que com a formação do El Niño em 2023, chuvas irregulares e ondas de calor intensas foram responsáveis pelo atraso no plantio e morte de muitas lavouras sobre o centro-norte brasileiro.

A produção de soja e milho primeiro safra foi a mais afetada por enquanto devido a falta de água disponível no solo para o plantio e bom desenvolvimento, porém, mesmo com as incertezas e dificuldades, o produtor rural tem persistido e avançado com os trabalhos de campo, ainda que com ritmo menos acelerado.

CONAB registra avanço no plantio do milho primeira safra no MATOPIBA, mas atividades ainda apresentam atrasos comparados à safra 2022/23. O Piauí é o mais atrasado com 50% da área semeada até o momento.

Segundo o mais recente informativo da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) divulgado na última segunda-feira (22), a semeadura do milho primeira safra continua atrasada com relação ao mesmo período do ano passado. No Maranhão, o plantio chegou a 64% e na Bahia chegou à reta final com 94% da área semeada. Porém, produtores do Nordeste estão atrasados comparados a outros produtores do Sudeste e do Sul que já iniciaram o trabalho de colheita dos grãos. O Rio Grande do Sul já colheu 28% do milho, um aumento de 4% comparado a 2023.

Previsão de muita chuva deixa agronegócio em alerta para nova ZCAS

Com o avanço de uma frente fria pelo oceano Atlântico, a chuva tende a ganhar frequência e intensidade nos próximos cinco dias, um cenário bastante característico de ZCAS. A Zona de Convergência do Atlântico Sul vai se formar após o centro de baixa pressão atmosférica se instalar no litoral entre o Espírito Santo e a Bahia em meados desta semana.

O corredor de umidade vai atravessar o centro-norte do país gerando muita instabilidade com nuvens carregadas com muita chuva. São esperados acumulados entre 50 e 210 milímetros em apenas cinco dias, ou seja, muita água em um pequeno intervalo de tempo que pode resultar em transtornos relacionados a alagamentos e deslizamentos de terra.

Tem esse alerta para eventuais transtornos e prejuízos, mas por outro lado, pensando no desenvolvimento das lavouras, é uma chuva benéfica para a manutenção hídrica do solo, mesmo que isso acarrete em desacelerar o ritmo das atividades de plantio e colheita em áreas produtoras so Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, regiões que estão na rota desse corredor de umidade.

O maior alerta de chuva vai para a metade norte de Minas Gerais, norte de Goiás, sul e oeste da Bahia, centro e sul do Piauí, sul do Maranhão, centro e sul do Tocantins, metade sul do Pará e até de forma mal distribuída, cidades no nordeste de Mato Grosso. São áreas que devem registrar uma chuva mais persistente e mais volumosa, deixando também o solo mais úmido.

Como a chuva vai afetar as áreas agrícolas

Como a chuva será mais volumosa em alguns estados produtores, aqui fica a análise de como esse alto volume pode afetar as culturas. Começando por Minas Gerais, a chuva beneficia o desenvolvimento do milho primeira safra e da soja, mas já pode paralisar a colheita em alguns pontos no centro-norte do estado.

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Mais de 200 milímetros de precipitação são esperados sobre áreas produtoras no Tocantins até o próximo domigno (28).

A colheita do feijão também pode ser impactada negativamente, mas a reposição hídrica no solo garante o desenvolvimento das lavouras que ainda não finalizaram o ciclo. Outra preocupação no estado de Minas é quanto ao plantio do algodão que chegou a 81% da área, para as lavouras recém implantadas é importante a manutenção hídrica, porém, o excesso pode causar podridão em algumas áreas. Essa mesma análise pode ser considerada para o estado de Goiás.

Falando do centro-norte do país em especial, destaca-se o MATOPIBA que foi fortemente influenciado pelo fenômeno El Niño. O estado da Bahia é o que mais deve registrar chuvas abrangentes neste período de ZCAS, pois tem condição de chuva volumosa em áreas produtoras no oeste do estado e também na faixa leste e sul.

Após irregularidades e perdas de produtividade, a colheita da soja que começou na Bahia pode ser afetada pela ZCAS desta semana. A chuva persistente e volumosa impede a entrada das máquinas em campo para a realização da colheita.

A maior preocupação das chuvas intensas e frequentes dos próximos dias é com relação à paralisação da semeadura do milho primeira safra. Os estados do Maranhão e da Bahia até tem apresentado um bom ritmo de plantio, o qual conseguiu alcançar a média da safra anterior, porém, o Piauí mostra um atraso de 40% comparado ao mesmo período do ano passado, o que pode ser ainda mais expressivo na próxima semana devido ao alto volume de chuva esperado para os próximos cinco dias, isso pode gerar paralisação total das atividades de plantio no sul do estado.

Apesar das chuvas intensas relacionadas à ZCAS, o produtor rural já precisa se programar após a diminuição das instabilidades favorecendo a retomada das atividades de campo, algo que tende a acontecer logo na virada de janeiro para fevereiro, quando novas instabilidades concentradas no centro-sul do país puxando a umidade para o Sul, Sudeste e Centro-Oeste, ou seja, o Nordeste entrará em um novo período de secas.